O que me motiva e o que me fez querer a medicina?

Difícil citar um único motivo. O que eu sinto é muito maior que isso…transborda tanto que fica complicado de colocar em palavras. Eu sou daquelas que falam que quer ser médica desde pequena, desde que me entendo por gente. Meu avô e meu tio são médicos e é impossível não reconhecer que eles exerceram uma influência significativa na consolidação desse sonho. 

Quando eu era criança, meu avô chegava do plantão contando vários casos e adorava ouvi-los. Aliás, meu avô é um dos médicos mais humanos que eu já conheci! Estou pra ver outro que nem ele, acho que dele veio também o meu coração comunitário e a minha vontade de salvar o mundo. Com o passar dos anos, esse sonho foi ficando cada vez mais forte. Não me via fazendo outra coisa, nenhuma profissão me encantava como a medicina.

Queria fazer medicina sem fronteiras, ajudar a África, contribuir para a formação de um mundo melhor e mais justo, sem dores, sem sofrimento. Isso tudo há 10 anos atrás… Mas hoje, mais madura (pra não dizer mais velha), eu vejo que é muito utópico pensar que como médica eu poderia salvar ou mudar o mundo que eu vivo. 

Vejo também que as pessoas em sofrimento estão muito mais perto de mim e eu não preciso ir até o continente africano pra ajudar e acolher. Muitos dos meus pacientes são meus amigos, meus parentes e principalmente os moradores da  comunidade que eu trabalho.

O que hoje me movimenta é a certeza de que talvez eu não possa mesmo mudar o mundo, mas eu posso dar conforto para aqueles que eu conseguir alcançar. Hoje eu vejo que a medicina é feita com o olhar, com a escuta. Muitas vezes o sintoma é a pontinha do iceberg de uma existência complexa que precisa de atenção e cuidado e isso eu faço com todo meu amor e respeito.

Meu forte é dar colo, meu forte é amar. Esse amor eu tenho de sobra e talvez seja ele o principal motivo por ter escolhido a medicina: eu preciso transbordar o que eu sinto pelo Outro e a melhor forma de fazer isso é cuidar! 💜

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