A tuberculose é uma doença rara em países desenvolvidos e ainda comum em nações como o Brasil. Com a capilaridade da atenção primária do SUS e a disponibilidade universal de tratamento com eficácia de 95%, eliminar ou tornar rara a enfermidade é um grande desafio, mas é uma meta possível com a participação ativa de todos os profissionais de saúde.
Foi pensando nisso que, em 18 de abril, o governo federal instituiu o Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente – CIEDS. Publicado no Diário Oficial da União (DOU), esse decreto concede ao Ministério da Saúde a responsabilidade de fazer ações para reduzir o número de casos e óbitos relacionados à doença.
Para se ter uma ideia, só em 2021, foram 72,6 mil novos casos de tuberculose no Brasil – um equivalente a 34 a cada 100 mil habitantes. Já o número de óbitos foi de 4,7 mil. A medida prevê ações para os próximos anos, com previsão de funcionamento até janeiro de 2030.
Mas esse compromisso não é de agora. Em 2017, já houve uma movimentação e a criação de metas para acabar com a tuberculose no país. A ideia era que, até 2035, o Brasil alcançasse a redução de 90% do coeficiente de incidência e de 95% dos óbitos. No entanto, o que se observa é uma queda ainda lenta. Daí a importância da iniciativa recente.
O que está nos planos do comitê
O comitê assumirá o compromisso de promover ações entre os setores do governo para reduzir drasticamente os casos de tuberculose no Brasil. Isso inclui elaborar, aprovar, executar e atividades do plano de trabalho, além de acompanhar seus resultados.
Inclusive, no tocante à análise, serão avaliados os resultados parciais, com possibilidade de reformulação de metas quando houver necessidade e proposição de novas formas e mecanismos de divulgação das ações.
Sob a coordenação do Ministério da Saúde, o comitê também terá a participação do:
- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação;
- Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome;
- Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania;
- Ministério da Educação;
- Ministério da Igualdade Racial;
- Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional;
- Ministério da Justiça e Segurança Pública;
- Ministério dos Povos Indígenas.
Vamos relembrar? Pontos-chave sobre a tuberculose
A tuberculose pulmonar representa a maioria dos casos da doença. Porém, existem diversas formas extrapulmonares, como laríngea, ganglionar, meníngea, gastrintestinal, renal, genital, osteoarticulares e cutâneas.
No paciente vivendo com HIV (TB-HIV), a doença se tornou um problema de saúde pública à parte pela prevalência, mortalidade e pela frequência de casos multirresistentes.
O grande desafio para os profissionais de saúde é fazer o diagnóstico ainda na fase inicial, em que há apenas tosse persistente por mais de três semanas – antes ocorram sintomas como febre, suores noturnos e perda de peso. Afinal, este paciente com sintomas mais intensos já teve oportunidade de infectar cerca de 10 pessoas em média antes de ser tratado.
Diagnóstico e tratamento da tuberculose
Uma vez suspeitada, é importante afastar a tuberculose pulmonar por um exame de escarro. Neste, a primeira amostra deve ser colhida ainda na consulta inicial.
O tratamento da maioria dos casos pode ser realizado ambulatorialmente e coordenado pelo médico da atenção primária com medicação oral durante pelo menos seis meses.
Existem protocolos específicos para:
- Tuberculose pulmonar dos adultos e de crianças;
- Casos de tuberculose óssea ou meníngea de adultos e de crianças
- Adaptações para gestantes;
- Pacientes hepatopatas, nefropatas, diabéticos ou portadores de infecção pelo HIV;
- Casos com resistência ou multidrogarresistência aos tuberculostáticos.
Você encontra estes protocolos descritos nos Manuais do Ministério da Saúde sobre o tratamento de tuberculose, atualizados periodicamente. Inclusive, todos os profissionais de saúde no Brasil os seguem e foi base da produção deste conteúdo do Blackbook.
Para maximizar os índices de cura, é essencial monitorar a adesão do paciente pelo sistema de tratamento diretamente observado por um profissional de saúde ou outra pessoa responsável.
Por meio do protocolo vigente, é possível identificar rapidamente os casos de tuberculose resistente. Inclusive, eles devem ser acompanhados e tratados pelo centro de referência terciária da região.
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