Síndrome do Jaleco Branco

A síndrome do jaleco branco acomete crianças e adultos, que apresentam sintomas como hipertensão pontual diante do ambiente médico. Saiba como lidar com esses pacientes!

Ao aferir a pressão arterial do paciente, você nota níveis elevados, além de sinais de nervosismo, como tremedeira e tensão muscular. Poderiam muito bem ser sintomas de alguma enfermidade. Mas existe outra explicação plausível ao qual os profissionais da saúde devem ter atenção.

A síndrome do jaleco branco, por exemplo. Essa fobia irracional envolve o ambiente médico, estendendo-se aos médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde. Pela diferença de sintomas em cada caso, é um diagnóstico mais complicado – e a dificuldade se amplia diante da recusa do paciente de procurar uma unidade de saúde, em muitas ocasiões.

E como lidar com pacientes com a síndrome do jaleco branco, prestando um atendimento completo e sem erros em diagnósticos? Falamos sobre os sintomas, as causas e as orientações de conduta a seguir. Confira!

O que é a síndrome do jaleco branco?

A síndrome do jaleco branco nada mais é que o medo irracional que as pessoas têm de médicos, hospitais e tudo o que envolve esse atendimento hospitalar, clínico etc. Ela recebe esse nome pela alusão ao ambiente médico e às vestimentas dos profissionais envolvidos. Pode acometer não apenas as crianças, mas adultos também.

É um transtorno psicológico no qual o paciente não controla os sintomas na presença desses elementos, desencadeando, geralmente, crises de ansiedade. Síndrome do avental ou consultório, hipertensão do jaleco branco, iatrofobia e latrofobia são outros termos que aparecem na literatura médica para designar essa condição.

Sintomas mais comuns

O principal sintoma indicativo da síndrome do jaleco branco é a hipertensão pontual. Um paciente com esse quadro, comumente, apresenta pressão acima de 140/90 mmHg em 3 vezes consecutivas estando no ambiente hospitalar. Mas, no conforto de casa, os níveis de pressão arterial são normais.

No caso visto, o paciente com pressão arterial estável tem esses níveis elevados diante da presença do médico, enfermeiro ou outro profissional da saúde. Mas também podem aparecer sintomas como:

  • Tremedeira;
  • Tensão muscular;
  • Sudorese;
  • Taquicardia;
  • Descontroles emocionais;
  • Náuseas;
  • Tontura.

Existem causas da síndrome do jaleco branco?

Na maioria dos casos, as causas dessa síndrome são psicológicas e multifatoriais. É comum que a pessoa associe a figura do profissional da saúde e de sua vestimenta (avental ou jaleco) a doenças e até à morte. Outras condutas de hospitais e consultórios, como injeções, cirurgias e medicamentos, também reforçam essa condição.

A síndrome pode ter sua origem na infância ou na já na fase adulta, por meio de:

  • Experiências que geram traumas em hospitais, consultórios ou com médicos;
  • Dificuldade ou incapacidade de lidar com a dor (de vacinas, intervenções cirúrgicas etc.);
  • Medo excessivo de descobrir alguma doença;
  • Vivência de erros médicos que levaram a tratamentos dolorosos;
  • Situações de vício (em drogas, bebidas alcoólicas etc.).

Neste último caso, o paciente desenvolve os sintomas da síndrome do jaleco branco por pura resistência a abandonar tais vícios. Já os outros envolvem traumas de situações que ocorreram com a própria pessoa e/ou com familiares, amigos e conhecidos.

O medo irracional também pode ter origem diante de notícias falsas sobre erros médicos, falhas desastrosas de atendimento e ambiente hospitalar no geral etc. Essa visão negativa acomete o paciente, que passa a temer qualquer ida a um consultório, hospital e assim por diante.

Como lidar com pacientes com essa síndrome?

As consequências da síndrome do jaleco branco são, em muitos casos, graves. Em pacientes com estágio avançado de uma enfermidade, por exemplo, pode influenciar negativamente no tratamento e impossibilitar o acompanhamento médico.

Mas não somente nesse sentido. Pessoas com a síndrome evitam exames de rotina, que são essenciais para o diagnóstico precoce. Em outros casos, a recusa de comparecer no ambiente médico ainda leva à automedicação, capaz de agravar ou prejudicar a saúde da pessoa.

Pela responsabilidade do profissional da saúde para com a sociedade, é preciso entender como lidar com esses pacientes e ajudá-los a superar a fobia – ou, ao menos, vencê-la momentaneamente para a manutenção dos cuidados com a própria saúde. Confira as nossas orientações!

Opte pelo atendimento mais despojado

O bom relacionamento com o paciente faz toda a diferença, ainda mais em cenários como esse. De fato, não cabe ao médico solucionar a síndrome e, por vezes, nem será algo de sua especialidade. Mas é possível contornar os sintomas diante de um atendimento mais humanizado.

Uma abordagem mais tranquila e simpática pode quebrar certas barreiras. Por exemplo, conversar sobre amenidades para “quebrar o gelo” é um bom começo. Nesses casos, o dinamismo e a descontração são essenciais para oferecer segurança ao paciente.

Indique que a pessoa leve um acompanhante

Na presença de uma pessoa conhecida, como familiar ou amigo, o paciente pode se mostrar mais tranquilo e confiante durante o atendimento médico. Seja com palavras reconfortantes, seja com um aperto de mão, essa presença é bastante benéfica diante dessa síndrome.

É uma conduta recomendada a se seguir, sobretudo quando os sintomas são identificados no momento prévio ao atendimento.

Sugira terapia em grupo

O terapeuta está entre as figuras que podem ativar os gatilhos do transtorno no paciente. Por isso, recomendar a terapia em grupo é uma alternativa que pode funcionar. Afinal, ele estará rodeado de pessoas que passam pelo mesmo problema.

Por meio do diálogo entre os pacientes, será possível entender situações semelhantes, motivar as melhorias e trabalhar técnicas de relaxamento, mediadas por um profissional. Essa é uma forma ativa de compreender a importância de tratamentos, médicos, consultórios, hospitais e tudo que envolve o universo dos cuidados com a saúde.

Considere realizar atendimentos não presenciais

Uma das vantagens da Telemedicina é a possibilidade de oferecer um atendimento inicial à distância – o que ajuda a reduzir os sintomas da síndrome. O médico pode sugerir diálogos online para criar laços e conquistar a confiança da pessoa até que aceite prosseguir com os cuidados presenciais.

A troca de mensagens e o acompanhamento remoto são alternativas para amenizar o medo do paciente. Mas vale reforçar que, na maioria dos casos, as consultas e a realização de exames de rotina precisarão da presença dele no ambiente médico.

A síndrome do jaleco branco pode levar ao agravamento de doenças, automedicação e outros problemas na vida do paciente. Por isso, o médico e outros profissionais da área podem ir além em seu papel de preservação da saúde pública, buscando formas de ajudar as pessoas a lidarem com essa condição.

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