Rinite alérgica

A rinite alérgica é uma condição que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, e sua manifestação pode ser especialmente intensificada durante o inverno.

Com uma prevalência de 10 a 30% na população, esta condição representa um importante desafio para os sistemas de saúde e para a qualidade de vida dos pacientes.

Compreender essa condição é fundamental para médicos e estudantes de medicina, a fim de fornecer o melhor tratamento possível aos seus pacientes.

O que é a rinite alérgica?

A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa da cavidade nasal causada pela exposição a alérgenos e é mediada pela imunoglobulina E (IgE). Ela é frequentemente caracterizada por espirros, congestão nasal, coceira e secreção nasal.

Qual a diferença da rinite alérgica da rinite nervosa?

A rinite nervosa é uma condição distinta, frequentemente ligada a emoções e estresses, enquanto a rinite alérgica é desencadeada por alérgenos específicos.

Caracterizada por espirros frequentes, prurido nasal e rinorreia clara, a rinite nervosa não conta com a presença de alérgenos detectáveis. Esses sintomas são frequentemente desencadeados por estresse, emoções fortes ou mudanças drásticas na temperatura ambiental.

Causa da Rinite Alérgica

Para entender a rinite alérgica, é fundamental compreender sua fisiopatologia. Tudo começa com uma exposição inicial ao alérgeno, que é processado pelas células apresentadoras de antígeno. Estas células, em seguida, interagem com o linfócito Th2, incentivando-o a liberar citocinas como IL-4, IL-6 e IL-13. Essas citocinas têm um papel crucial: elas guiam a diferenciação do linfócito B em plasmócito, o qual começa a produzir IgE. Esta IgE se ligará aos mastócitos, sensibilizando-os.

Quando um reencontro com o alérgeno acontece, os mastócitos sensibilizados liberam substâncias como histamina, protease e triptase. O resultado? Uma reação alérgica. Esta resposta pode ser dividida em duas fases: uma imediata (15-30 minutos após exposição, com liberação de histamina) e uma tardia (6-12 horas após, marcada pela chegada de outras células inflamatórias, como eosinófilos).

Os desencadeadores da rinite alérgica são variados e influenciados pelo ambiente em que o indivíduo vive. Desde agentes ocupacionais até mudanças climáticas, é essencial que os pacientes reconheçam e minimizem sua exposição a esses fatores. O contato com certos poluentes, fumaça de cigarro, substâncias químicas e aeroalérgenos como ácaros e fungos são exemplos claros de riscos potenciais.

Sintomas da rinite alérgica

Sintomas Nasais da Rinite Alérgica

Congestão, espirros, prurido e rinorreia são frequentes. Muitos pacientes também desenvolvem polipose nasal, resultando em obstrução e perda do olfato. Estes sintomas afetam diariamente o bem-estar do paciente, muitas vezes sendo confundidos com resfriados comuns, daí a necessidade de um diagnóstico preciso.

Sintomas Oculares da Rinite Alérgica

Conjuntivite alérgica, caracterizada por prurido, vermelhidão e lacrimejamento, frequentemente acompanha a rinite.

Esta associação destaca a interconexão das vias aéreas superiores e dos olhos no contexto alérgico.

Impactos Psicológicos da Rinite Alérgica

O comprometimento do sono pode levar à irritabilidade, fadiga e diminuição da concentração.

Além disso, o desconforto contínuo pode impactar o humor e a capacidade de socialização, intensificando sentimentos de isolamento ou depressão.

Diagnóstico da rinite

Para diagnosticar a rinite alérgica, um médico levará em consideração a anamnese e o exame físico. No entanto, existem exames complementares que auxiliam no diagnóstico e na identificação dos alérgenos responsáveis.

História Clínica

Os sintomas e sua relação com a exposição a potenciais alérgenos são fundamentais. É vital explorar a relação com mudanças de ambiente, estações do ano e presença de animais. Esta coleta detalhada de informações fornece uma base sólida para um diagnóstico acurado.

Exames Complementares

O teste cutâneo por puntura e o teste sanguíneo RAST auxiliam na identificação dos alérgenos causadores. Outros exames, como endoscopia nasal, podem ser necessários em casos de complicações. Aliás, estes testes, quando realizados em conjunto, fornecem um panorama abrangente do perfil alérgico do paciente.

Após realizar o diagnóstico, faz-se a estratificação da rinite alérgica, a qual varia de acordo com a frequência e gravidade:

Estratificação da rinite

Por Frequência

Em primeiro lugar, a classificação por frequência permite uma melhor compreensão da extensão da doença, possibilitando ajustes terapêuticos adequados ao perfil clínico do paciente.

  • Intermitente: Sintomas menos de 4 dias por semana ou menos de 4 semanas consecutivas.
  • Persistente: Sintomas mais de 4 dias por semana e por mais de 4 semanas.

Por Gravidade

  • Leve: Sintomas não interferem significativamente na qualidade de vida.
  • Moderada a Grave: Impacto significativo no sono, atividades diárias e desempenho laboral ou acadêmico.

A gravidade influencia diretamente a abordagem terapêutica e o acompanhamento, com casos graves necessitando de atenção especializada e acompanhamento regular.

Qual é o CID da rinite?

O CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) da rinite alérgica é J30, que abrange várias formas da doença, incluindo a rinite alérgica sazonal e perene.

Além disso, há as subdivisões do CID de rinite alérgica, as quais incluem:

J300 – Rinite vasomotora
J301 – Rinite alérgica devida a pólen
J302 – Outras rinites alérgicas sazonais
J303 – Outras rinites alérgicas
J304 – Rinite alérgica não especificada

Tratamento da rinite alérgica

O tratamento da rinite alérgica visa principalmente controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Este tratamento inclui:

  • Orientações básicas: Em primeiro lugar, é vital para os pacientes entenderem a importância das medidas de higiene ambiental, tais como usar acaricidas, evitar cortinas e tapetes de tecido em casa, e lavar as roupas com água quente.
  • Solução salina isotônica: A irrigação nasal com solução salina isotônica ajuda a remover alérgenos e reduzir os sintomas.
  • Medicação: De fato, os corticosteroides nasais são a primeira linha de tratamento, devido ao seu potente efeito anti-inflamatório. Os antileucotrienos e anti-histamínicos também são pilares do tratamento. A escolha adequada e a dosagem correta podem significativamente melhorar a qualidade de vida do paciente.
  • Imunoterapia: Para pacientes com sintomas não controlados por medicamentos, a imunoterapia, que envolve a exposição gradual a alérgenos para induzir tolerância, pode ser uma opção. Esta abordagem, embora mais demorada, oferece uma potencial cura ao reeducar o sistema imunológico.
  • Tratamento cirúrgico: Em casos de obstrução nasal persistente, a cirurgia pode ser necessária.

Atenção Primária à Saúde e Profilaxia

Por fim, a rinite alérgica é frequentemente subdiagnosticada e subtratada. De fato, os médicos de atenção primária devem estar atentos para o diagnóstico correto e a orientação inicial, encaminhando casos mais complexos para especialistas. Assim sendo, uma detecção precoce pode evitar complicações e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Nesse sentido, evitar o primeiro contato com alérgenos, especialmente em crianças com predisposição alérgica, é essencial. Vacinas e outras estratégias estão sendo estudadas para prevenir o desenvolvimento de rinite em indivíduos em risco. Enquanto ainda estamos no início dessas pesquisas, o potencial para prevenção eficaz é promissor.

Conclusão

Portanto, a rinite alérgica é uma condição comum, mas que pode comprometer significativamente a qualidade de vida de quem sofre dela.

Dessa forma, uma abordagem multidisciplinar, envolvendo medidas preventivas, diagnóstico preciso e tratamento adequado, é fundamental para controlar os sintomas e garantir que os pacientes possam levar uma vida normal e saudável.

Médicos e estudantes de medicina devem estar cientes dos últimos avanços e tratamentos disponíveis para rinite alérgica, a fim de fornecer o melhor atendimento possível. E, com a chegada do inverno, é essencial estar ainda mais atento a esta condição, pois muitos pacientes podem apresentar exacerbação dos sintomas durante esse período. Então, saiba mais sobre a rinite alérgica no App Blackbook.

Referências Bibliográficas

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