As redes sociais para médicos são meios de comunicação poderosos, que ajudam os profissionais na conquista de pacientes e no reforço de sua autoridade. Saiba como usá-las estrategicamente e dentro da ética da Medicina!
Estamos na era da influência e do relacionamento. Com as plataformas online nas mãos de 131,5 milhões de pessoas1 só aqui no Brasil, elas se tornaram um dos meios indicados para construir uma carreira sólida e fazer com que seu nome seja reconhecido.
Para os médicos, essa é uma realidade ainda mais oportuna. Afinal, são bons locais para promover a saúde entre a população, incentivando hábitos saudáveis e os cuidados preventivos para a melhor qualidade de vida das pessoas. Mas é verdade que a presença online pode conflitar com as práticas e condutas éticas da profissão.
Existem critérios rigorosos a seguir no quesito publicidade, de modo a inibir osensacionalismo, a autopromoção e a mercantilização. Diante disso, como deve ser a atuação dos médicos nas redes sociais? Como alcançar os objetivos de promoção de saúde e criação de um bom relacionamento com os pacientes? É o que veremos a partir de agora.
A seguir, listamos orientações de redes sociais para médicos de acordo com o guia de boas práticas do Conselho Federal de Medicina2. Confira!
1. Aproveitar os benefícios das plataformas para a carreira
Em primeiro lugar, é importante entender o grande potencial das redes sociais para médicos em diferentes estágios da carreira – dos recém-formados aos que contam com longos anos de experiência e atuação. Conhecendo esses benefícios, é possível aproveitá-los para alcançar seus objetivos com a presença online.
- Construção de relacionamento e engajamento: os comentários das publicações e até outros formatos, como os stories do Instagram, são oportunidades de se conectar com os pacientes de forma personalizada. É possível compartilhar materiais educativos, tirar dúvidas e trabalhar a conscientização sobre boas práticas de saúde.
- Educação e serviços à comunidade: por falar nisso, as redes sociais são plataformas para encorajar as melhores práticas de prevenção de doenças e promoção da saúde. O médico pode ser agente de combate à desinformação e de reforço de hábitos mais saudáveis a partir de seu poder de influência.
- Facilidades de agendamento: para os profissionais que têm consultório particular, as redes sociais são um canal mais fácil para agendar consultas, explicar procedimentos sem caráter promocional e assim por diante – desde que tome cuidado com informações sensíveis.
- Alcance ampliado: mesmo que não divulgue os próprios serviços, mais pessoas terão a chance de conhecer o perfil do profissional e sua especialidade. Ele não ficará limitado a indicações de pacientes e descobertas “por acaso”. Os conteúdos produzidos podem impactar muito além.
- Feedback de pacientes: por último, as redes sociais são oportunidades de crescimento. O médico estará exposto a críticas e avaliações o tempo todo sobre sua prática clínica e seus conteúdos compartilhados. Ele pode usar esses aprendizados para aprimorar sua carreira.
2. Ter cuidado com a comunicação
O Manual de Publicidade Médica deixa evidente que é proibido fazer propaganda de técnicas não reconhecidas pelo CFM. Então, o profissional jamais deve divulgar métodos não comprovados, nem mesmo publicar “antes e depois” de pacientes (ainda que estes estejam cientes).
Ainda que a intenção seja aumentar a credibilidade e sua reputação online, lembre-se de que é vedado o compartilhamento de telefone e endereço de clínicas ou outros empreendimentos em saúde.
Em resumo, a rede social para médicos não é para garantir resultados, fazer promessas de procedimentos bem-sucedidos ou publicidade de alguma forma. Essas são, inclusive, práticas que levam a consequências – que vão da advertência à suspensão da licença.
Outro aspecto que não pode passar perto das suas redes sociais são as informações falsas ou que causem intranquilidade, medo e pânico das pessoas. Por exemplo, a ideia não é chegar nos stories com notícias alarmantes na tentativa de conscientizar as pessoas. O médico tem a responsabilidade de informar e não deixar meias verdades.
Uma comunicação empática, responsável e, acima de tudo, informativa é o que se deve ter em mente para as redes sociais profissionais.
3. Produzir um conteúdos de valor
Se não pode divulgar pacientes nem os “melhores procedimentos”, qual conteúdo produzir nas redes sociais? As possibilidades são inúmeras. Você pode considerar para o post as principais dúvidas das pessoas sobre sua especialidade, ou seja, aquelas que mais aparecem no seu atendimento.
O formato vai depender da sua disponibilidade e familiaridade com edição. Entre as mais comuns estão:
- Carrossel: a sequência de fotos pode apresentar ilustrações (de acordo com as boas práticas de ética médica) e textos mais curtos, porém, explicativos. Certifique-se de que a fonte seja legível e haja harmonia entre esses elementos;
- Reels/shorts: esses vídeos mais curtos, geralmente, ficam melhores com uma boa edição. Se for no estilo “depoimento”, dá para incluir informações curtas e úteis na tela, não se esquecendo das legendas;
- Vídeos maiores: esse formato é ideal para o YouTube e pode render boas visualizações. Nesse caso, é possível explanar melhor o tema. Também vale incluir legendas para maior acessibilidade da peça;
- Stories: é o conteúdo mais intimista, que ajuda a criar uma comunidade com o seu público. Ali, dá para mostrar bastidores da rotina profissional, momentos de descontração com seus colegas de trabalho, dicas mais pessoais (como uma rotina de exercícios físicos) e assim por diante.
Mais uma vez reforçamos: os conteúdos não devem ser um aconselhamento médico específico para determinada condição. Ainda que casos clínicos sejam uma oportunidade para fornecer sugestões educativas de promoção da saúde, é preciso ter todo o cuidado para preservar o anonimato dos pacientes.
4. Escolher bem as imagens para publicações
De acordo com as regras do CFM, não é permitido publicar selfie com seus pacientes, sobretudo em ambiente de trabalho. Se eles tirarem e quiserem postar nas próprias redes sociais, não há impedimentos. Mas tenha atenção: se isso acontecer com frequência, o profissional pode receber advertências.
Como vimos, também não pode publicar fotos de “antes e depois” de um procedimento. A razão é simples: como você não tem permissão de garantir os resultados e esse tipo de comunicação visual deixa a mensagem implícita, a prática fica proibida.
Nesse sentido, as dicas são simples e diretas: evite a superexposição do ambiente de trabalho. Uma coisa é postar foto com a sua equipe durante a socialização, que demonstra companheirismo e um ambiente amigável de trabalho. Outra bem diferente é retratar uma sala de cirurgia ou atendimento com um paciente dentro do consultório, sendo exposto.
No geral, use e abuse do bom senso antes de compartilhar fotos!
5. Abrir espaço para o diálogo com os pacientes
É claro que o médico não vai abrir o chat ou as mensagens particulares para consultas online ou aconselhamento médico. A proposta das redes sociais não é essa! Nossa sugestão é tirar dúvidas sobre saúde, levar informações baseadas em evidências e reforçar os hábitos saudáveis.
Vale encarar as redes sociais como um canal de comunicação e, sobretudo, humanização da sua marca pessoal. Ainda que a intenção seja reforçar a autoridade, é uma oportunidade de se mostrar humano, aberto e comprometido com a missão de promover a saúde.
As redes sociais para médicos são boas oportunidades para se colocar à serviço da comunidade para orientar e informar. O marketing médico não deve se aliar a venda de produtos ou métodos, nem mesmo se entregar às práticas publicitárias com fins comerciais. Em vez disso, aproveite para compartilhar seus conhecimentos e construir uma presença online de acordo com a ética da profissão.
As sugestões foram úteis para você? Então, aproveite que está por aqui e entenda melhor sobre o potencial e as boas práticas do marketing médico!
Fonte:
Especialista em produção de conteúdo há mais de 5 anos. Graduada em Jornalismo pela UNESP.