Blackbook

Materiais Ricos

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

Quando suspeitar de uma Doença Renal Crônica?

Doença renal crônica - quando suspeitar?

ATENÇÃO: O conteúdo sobre Doença Renal Crônica foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. O Brasil tem mais de 10 milhões de afetados por algum grau de doença renal. Desse número, 140 mil pessoas estão em hemodiálise. Em 2022, 4.828 pacientes passaram por transplante renal, o que coloca o país na terceira posição no que diz respeito ao número de procedimentos desse tipo. Além disso, resulta em um mínimo de 2,4 milhões de óbitos anualmente. Com base nas informações da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o Brasil testemunha a alta incidência de Doença Renal Crônica (DRC) avançada. Esse aumento leva ao expressivo número de pacientes dependentes de hemodiálise, o que não só compromete a qualidade de vida do paciente, mas sobrecarrega financeiramente o SUS. A fim de aprimorar e ampliar o suporte oferecido às pessoas em tratamento de Doença Renal Crônica, o Ministério da Saúde reajustou em 10,3% o valor destinado à hemodiálise convencional, dentro da tabela do SUS. Um investimento total de R$600 milhões será direcionado a essa iniciativa. Apesar do objetivo nobre, os custos poderiam ser reduzidos caso a prevenção de DRC fosse efetiva. Sabemos que pessoas que sofrem de Doença Renal Crônica enfrentam um risco três vezes maior de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares em comparação com aqueles sem essa condição. Eventos como: Como resultado, os portadores de DRC têm probabilidade substancialmente maior de enfrentar resultados fatais em comparação com a progressão para um estágio terminal da doença renal. Sabendo que em uma grande parcela dos casos de Doença Renal Crônica os fatores de risco são preveníveis e até mesmo tratáveis, é fundamental compreender a patologia, como faremos a seguir! O que é a Doença Renal Crônica? De forma geral, a Doença Renal Crônica se caracteriza pelas lesões nos rins que persistem por um período igual ou superior a três meses. O estágio final desse processo é mais reconhecido como insuficiência renal crônica, requerendo a realização de diálise ou um transplante renal para a manutenção da vida. A Doença Renal Crônica engloba transformações complexas que afetam a estrutura e a operação dos rins. Essa operação não envolve apenas a depuração realizada por eles, mas também a regulação do volume plasmático e de outros íons como: Além dos íons, regula a produção de hormônios como: Quaisquer lesões ou insultos que provoquem disfunção renal, sejam pré-renais, renais ou pós renais, podem levar à: Origem e prognósticos É importante pontuar que a Doença Renal Crônica possui múltiplas origens e vários indicadores prognósticos. O distúrbio apresenta um curso prolongado, evoluindo gradualmente e, na maior parte do período, é silencioso em seus sintomas. Inúmeros elementos estão vinculados tanto à origem quanto ao avanço em direção à deterioração da função renal.  Portanto, é crucial identificar pessoas com predisposição ao desenvolvimento da Doença Renal Crônica, ou que apresentem disfunção renal leve e silenciosa, que muitas vezes é reversível. Assim, torna-se possível viabilizar um diagnóstico e abordagem mais precoces e, consequentemente, um melhor prognóstico. Para isso, é importante compreender quais os principais fatores de risco para DRC.  Quais os principais fatores de risco para a Doença renal crônica? Muitos são os fatores de risco para o desenvolvimento de Doença Renal Crônica. No entanto, nesse tópico não será avaliado apenas o que pode levar ao desenvolvimento da doença. Veremos também os preditores para uma pior progressão, isto é, marcadores de que o paciente com DRC tem pior prognóstico para perda de função renal ao longo da evolução clínica. Geralmente, estão sob o risco de desenvolver DRC: Já quem tem risco de pior prognóstico são: Além de todos esses fatores que contribuem para o desenvolvimento e pior prognóstico da Doença Renal Crônica, existem muitos outros no app Blackbook. Diagnóstico da DRC: quais os achados na anamnese, nos exames físicos e nos exames complementares? O diagnóstico da doença renal crônica pode ser um desafio para muitos médicos, principalmente no início do desenvolvimento da patologia. Afinal, na maioria dos casos, ela é assintomática nessa fase. Em geral, as manifestações clínicas da DRC surgem em estágios mais avançados da doença, quando os rins se tornam incapazes de manter suas funções. Sinais e sintomas como descontrole pressórico, edema, congestão pulmonar, anemia, acidose e diversas outras complicações, muitas vezes só podem ser observados quando o paciente já não pode mais se beneficiar de controle da doença de base a fim de evitar a progressão da doença renal. Assim sendo, a identificação e abordagem precoce dos casos leves e assintomáticos de doença renal é essencial para a eficácia do tratamento. Como fazer o rastreamento na fase inicial da doença? Uma vez que trata-se de uma doença de início silencioso, é aconselhável realizar, regularmente, a avaliação da creatinina (com estimativa da taxa de filtração glomerular). Também se indica a detecção de proteinúria por meio do teste com fita, especialmente em pacientes com risco elevado. É o caso daqueles com diabetes mellitus, hipertensão arterial, bem como pacientes com histórico pessoal ou familiar de doença renal.  E após surgir a sintomatologia de Doença Renal Crônica? Após o surgimento dos sintomas é mais sugestiva a suspeita de Doença Renal Crônica, sendo as manifestações a seguir as principais encontradas durante a anamnese e exame físico do paciente que procura o serviço de saúde. Como confirmar o diagnóstico, de fato? Para identificar pacientes com Doença Renal Crônica, existem recursos diagnósticos como a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), análise sumária de urina (EAS) e, idealmente, um exame de imagem. É o caso da ultrassonografia dos rins e das vias urinárias. Sendo assim, vamos avaliar a seguir cada recurso diagnóstico. Taxa de filtração glomerular A fim de avaliar a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), o conselho é evitar a utilização da depuração de creatinina medida por meio da coleta de urina durante 24 horas. Isso por causa do potencial de imprecisões na coleta e das dificuldades temporais envolvidas. É mais indicado empregar fórmulas que estimem a TFG com base na creatinina sérica. As principais fórmulas recomendadas para esse cálculo

Síndrome de Guillain-Barré em pauta: do diagnóstico ao tratamento

Síndrome de Guillain-Barré - um olhar médico sobre SGB

ATENÇÃO: O conteúdo a seguir foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. Em 8 de julho, o Peru declarou situação de emergência devido à alta incidência da Síndrome de Guillain-Barré, que resultou em 182 casos em 2023. Até então, 31 pacientes estavam hospitalizados, 147 receberam alta hospitalar e quatro pessoas faleceram em decorrência da doença. Vamos revisar a sua fisiopatologia, os fatores associados, os sinais e sintomas e outras informações? Após a pandemia de Covid-19, é grande a preocupação com epidemias de doenças antigas e futuras pandemias de novas doenças. Por esse motivo, assim que se anunciou a emergência no Peru, devido à Síndrome de Guillain-Barré, muitos questionamentos surgiram no Brasil por parte de pessoas leigas. Afinal, qual o risco que o problema representaria para a saúde pública? Segundo o Ministério da Saúde, o risco é baixo para o Brasil. Isso se deve ao fato de que a síndrome em si não é contagiosa, mas algumas doenças que a causam são infecciosas, como a Zika e a Covid-19. A incidência mundial da Síndrome de Guillain Barré é de 0,5 a 2 casos para cada 100 mil habitantes por ano. Já dados brasileiros apontam uma incidência anual de cerca de 0,6 casos por 100 mil habitantes, com pico entre pessoas de 20 a 40 anos.  Mesmo que rara, ela não é de notificação compulsória, diferentemente da paralisia flácida gerada por ela (suspeita de poliomielite) e de casos pós-vacinação, inclusive pela vacina da Covid-19. O Ministério da Saúde faz o monitoramento por meio do registro de internações e atendimentos hospitalares. Agora que já sabe um pouco da epidemiologia atual, vamos relembrar um pouco mais sobre a Síndrome de Guillain-Barré?  Qual é a etiologia da Síndrome de Guillain-Barré? A Síndrome de Guillain-Barré (SGB), ou CID G.61.0, refere-se a um conjunto de polineuropatias agudas com origem imunológica. Essa condição é atualmente a principal causa de paralisia flácida de início agudo e que evolui de forma progressiva, podendo causar complicações sérias como insuficiência respiratória ou disfunção autonômica. Surge de uma resposta imune cruzada, em que anticorpos produzidos contra partes de alguns agentes infecciosos (epítetos) passam a funcionar tambem como autoanticorpos e atacam a bainha de mielina dos nervos ou os próprios axônios, causando lesões neurológicas e as manifestações clínicas. Essa resposta imune cruzada gera o desencadeamento de uma neuropatia inflamatória aguda em 85% dos casos. Desses, em 15%, a reação cruzada ocorre com os antígenos presentes na membrana do axônio, desencadeando a forma axonal aguda da síndrome. Fatores associados O paciente relata a infecção prévia (gatilho imune) em 70% dos casos, ocorrida entre 5 dias e 6 semanas antes do aparecimento dos sintomas de fraqueza muscular. A reação cruzada se dá por anticorpos formados principalmente contra alguns tipos de bactérias e vírus como: Bactérias: Vírus: Em algumas situações mais específicas, a etiologia pode ser oriunda de antígenos vacinais, secundário a politraumatismo grave ou até mesmo quadros pós-cirúrgicos.  No ano de 2019, por exemplo, o Peru enfrentou um surto da doença com 900 casos, associados à bactéria Campylobacter jejuni, causadora de diarreia. Em 2020, foram registrados 448 casos, em 2021 foram 210, e em 2022, um total de 225 casos.  Dentre as classificações de polineuropatias agudas imunomediadas, são destaques: A primeira classificação é a mais comum e a última a menos comum. Por mais que tenham nomes complexos, são de fácil entendimento. Na primeira, ocorre a desmielinização devido a uma inflamação aguda em múltiplos nervos periféricos e raízes nervosas. As outras duas classificações abrangem lesões axonais que são menos prevalentes, sendo a lesão de nervos sensoriais a mais rara. Quais os principais sinais e sintomas? A Síndrome de Guillain-Barré é clinicamente caracterizada por uma tríade que inclui: Frequentemente, é precedida por dor lombar baixa e mialgias em muitos casos, progredindo rapidamente para: A evolução progressiva até fraqueza/paralisia da musculatura respiratória exigindo suporte ventilatório ocorre em 10 a 30% dos casos. Sendo assim, o paciente deve ser assistido constantemente pela equipe de saúde. Quando ocorre disautonomia, o funcionamento normal do sistema nervoso autônomo pode ser afetado, levando a alterações nas funções controladas por ele. É um sintoma que sugere alta gravidade e risco de morte. Em geral, os sintomas podem variar dependendo do tipo específico de disautonomia, mas algumas manifestações comuns incluem: Em cerca de 80% dos casos, o quadro clínico atinge um pico de gravidade nas três primeiras semanas, e a recuperação ocorre nas próximas semanas mas pode ser lenta e demorar até seis meses. No entanto, em até 15% dos casos, o padrão clínico característico pode não ser observado devido ao surgimento de diversas formas atípicas da doença. Agora que conhece melhor oos sinais e sintomas que levam à suspeita para Síndrome de Guillain-Barré, vale a pena conferir como confirmar a hipótese diagnóstica. Entendi! Mas como confirmar? O diagnóstico inicial é feito observando os sintomas (anteriormente apresentados) e através de exames neurológicos realizados por um neurologista experiente. Os principais sinais são paralisia flácida e progressiva, geralmente acompanhada de reflexos profundos fracos ou ausentes. Os critérios do National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) são usados com frequência para sistematizar o diagnóstico clínico das duas formas típicas principais: NAMA e PDIA. Porém, não são adequados para o diagnóstico das outras variantes existentes para essa síndrome. Além do exame físico e de informações fornecidas durante a anamnese, existem outros meios diagnósticos que merecem a sua atenção, como os seguintes. Análise do líquor cefalorraquidiano A punção lombar é indicada em todos os casos e pode ser repetida na semana seguinte, especialmente nos casos duvidosos, pois as alterações típicas levam algum tempo para aparecer. A característica mais comum da Síndrome de Guillain-Barré é a “dissociação albumino-citológica”, que consiste em um aumento da albumina no líquido cefalorraquidiano sem um aumento correspondente no número de células. No entanto, a dissociação albumino-citológica típica é encontrada em cerca de 70-80% dos casos. Portanto, sua ausência não descarta o diagnóstico. Já a concentração de albumina sérica está entre

Obesidade Infantil: um problema antigo, uma realidade atual

Obesidade infantil - Blackbook

O relatório mundial da obesidade (World Obesity Atlas 2023)  projetou que, até 2030, o mundo passará por uma epidemia de obesidade. No Brasil, o aumento anual da obesidade infantil é de 4,4%, porcentagem de crescimento considerada muito alta. Além disso, aponta-se que cerca de 23% das crianças entre 5 e 9 anos e 18% dos adolescentes de 10 a 19 anos serão afetados pela doença em 2030. A obesidade como epidemia não ocorre apenas em países desenvolvidos, mas também naqueles em desenvolvimento, sendo muito relacionada ao poder econômico de cada região do globo. Sendo assim, mesmo que seja um evento global, é necessário analisar separadamente cada região. Nas Américas como um todo, por exemplo, os dados são ainda mais alarmantes que no Brasil: Meninos 2020 Meninos 2025 Meninos 2030 Meninos 2035 Número de meninos com obesidade (milhões) 24 28 31 35 Proporção de todos os meninos na região 20% 24% 29% 33% Meninas 2020 Meninas 2025 Meninas 2030 Meninas 2035 Número de meninas com obesidade (milhões) 18 21 24 27 Proporção de todas as meninas na região 16% 19% 23% 26% Tabela 1.  Crianças e adolescentes (5–19 anos) nas Américas com obesidade 2020–2035. Fonte: World Obesity Atlas 2023. O fato de a proporção projetada de meninos e meninas de 5 a 19 anos obesos em 2030, no Brasil, ser menor quando comparada ao restante das Américas não é motivo para que a saúde brasileira não olhe para esses dados com preocupação. A obesidade infantil não é uma novidade e, ainda assim, ano após ano as projeções tornam-se piores  no Brasil e no mundo. Sendo assim, é necessário que o profissional da saúde esteja sempre atualizado a respeito de alguns pontos como os que veremos a seguir. As principais causas e fatores de risco A obesidade é uma condição crônica e degenerativa caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo. Há alguns anos, sua prevalência aumenta em todas as faixas etárias, tornando-se um dos principais desafios de saúde pública. É uma doença complexa que impacta significativamente aspectos sociais e psicológicos em todas as idades e grupos socioeconômicos. Ela é resultante de múltiplos fatores que ainda serão aqui analisados e incluem aspectos: O crescimento da obesidade infantil é preocupante, já que o risco  de  crianças obesas tornarem-se adultos obesos é grande – e também pelas várias consequências associadas à doença. Entre as principais causas da obesidade infantil estão as seguintes. Má alimentação A alimentação é um dos pilares para o desenvolvimento da condição durante os primeiros anos de vida. É importante pontuar que adultos possuem autonomia no que diz respeito à sua própria alimentação. No entanto, isso não é a realidade quando pensamos em uma criança. É justamente na introdução alimentar que a obesidade infantil começa a ser uma realidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, com posterior introdução alimentar diversificada, mantendo o aleitamento até os dois anos de idade. A alimentação na rotina das famílias A introdução alimentar deve ser feita como pontuada anteriormente, de forma diversificada. Hoje, muitas vezes, não é o que acontece, uma vez que rotinas de trabalho exaustivas junto da facilidade do acesso a alimentos industrializados acabam fazendo deles mais atrativos – em primeiro momento não para as crianças, mas para os pais. Entre as famílias entrevistadas pelo Enani-2019, a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados chegou a 93% entre crianças de 24 a 59 meses e 80,5% na faixa etária de 6 a 23 meses. Já o consumo de bebidas adoçadas atinge 24,5% dos pequenos entre 6 a 23 meses, 37,7% entre 18 a 23 meses e 50,3% das crianças de 24 a 59 meses. O problema começa a tomar proporções maiores quando a criança passa a recusar alimentos saudáveis, uma vez que seu teor de açúcar ou gorduras é menor do que o de alimentos industrializados. Por esse motivo, estes acabam sendo mais recompensadores no que diz respeito ao prazer instantâneo gerado ao se alimentar.  Os primeiros anos de vida são o momento ideal para romper com essa realidade. Caso os pais não ofereçam alimentos industrializados ou de alto teor calórico, as crianças não terão acesso a eles. Com o tempo, voltarão a aceitar alimentos saudáveis como frutas e verduras. Na adolescência, essa intervenção é mais complexa, uma vez que as preferências alimentares já estão melhor estabelecidas e o acesso a alimentos por conta própria já é possível. Confira mais sobre a alimentação complementar saudável após os 6 meses de idade na rotina Alimentação da criança saudável! Sedentarismo  Assim como o desenvolvimento de hábitos alimentares não saudáveis surgem desde a primeira infância, o sedentarismo também pode aparecer nesse momento. Recentemente, a Academia Americana de Pediatria publicou novas diretrizes para abordar a questão da obesidade infantil e nelas um fato importante é abordado. Aponta-se uma ligação entre sedentarismo e o aumento do tempo de uso de telas como celulares, tablets e computadores como ponto-chave dessa forma de obesidade. As rotinas cansativas de pais e responsáveis colaboram para o incentivo do uso de telas em detrimento da prática de atividades físicas. Isso tende a perpetuar nessa criança até a vida adulta. Comportamento e interação social Apesar de a obesidade mostrar-se cada vez mais prevalente no Brasil, crianças e adolescentes obesos sofrem intenso julgamento social. Esse fator pode agravar ainda mais essa condição. Ao serem julgados, buscam isolamento social, aumentando o uso de telas e levando ao aumento de consumo de alimentos como forma de recompensa para sua tristeza. Doenças endocrinológicas e síndromes genéticas Diferente das outras causas, em algumas doenças endocrinológicas e síndromes genéticas a obesidade é uma consequência metabólica da própria doença de forma que o aumento de peso é menos dependente de hábitos e escolhas erradas de  alimentos hipercalóricos ou de sedentarismo. Mas a obesidade de causa endocrinológica é bem rara e responde por menos de 2% dos casos. Quer conferir um pouco mais sobre as principais síndromes genéticas e doenças endocrinológicas que levam à obesidade? Então, basta

O guia para compreender a Escala de Coma de Glasgow

Escala de coma de glasgow: critérios, pontuação, interpretações e dados essenciais

ATENÇÃO: O conteúdo a seguir sobre escala de coma de Glasgow, foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. A Escala de Coma de Glasgow, criada há mais de 40 anos, visa avaliar o grau de comprometimento neurológico de um paciente se baseando em três aspectos: abertura ocular, resposta verbal e motora. Conhecê-la é de suma importância, vamos lá? A Escala de Coma de Glasgow apareceu em publicações pela primeira vez na revista Lancet em 1974 por Graham Teasdale e Bryan J. Jennett, ambos do Instituto de Ciências Neurológicas de Glasgow, na Escócia. Ao contrário do que geralmente acontece, ela recebeu o nome do local de criação e não de quem a criou. Independente dessa curiosidade, é até hoje amplamente utilizada no Brasil e no mundo. Inicialmente, era mais usada para avaliar pacientes vítimas de traumatismo craniano, tendo como enfoque seu grau de consciência. Hoje, ainda se vale nesses casos, mas também se aplica em qualquer doença aguda ou crônica com alteração do estado de consciência e na monitorização de pacientes em unidades de cuidado intensivo. O que é a Escala de Coma de Glasgow? Aplicada como ferramenta de avaliar o nível de consciência de pacientes, baseia-se na avaliação de um sistema de pontuação de três critérios: Diante disso, há a soma das pontuações constatadas em cada critério com variação de 3 a 15 pontos, no qual o paciente consciente e orientado tem Glasgow de 15. A pontuação final será maior ou menor conforme a gravidade da situação que o paciente está vivendo. Esse intervalo de variação é referente à Escala de Glasgow convencional, não incluindo, ainda, a atividade pupilar do paciente, critério que será apresentado a seguir. Agora que já sabemos do que se trata a Escala de Glasgow e qual a sua finalidade, vamos entender um pouco sobre os critérios clínicos utilizados. Critérios clínicos da Escala de Coma de Glasgow É importante avaliar Glasgow ao atender pacientes que sofreram ou podem ter sofrido um trauma, com suspeita de acidente vascular encefálico, com risco de parada cardiorrespiratória, com rebaixamento do nível de consciência no geral ou até mesmo situações de monitorização. Abertura ocular Nesse critério, a pontuação poderá variar de 1 a 4 pontos, sendo o paciente avaliado e pontuado conforme os comportamentos apresentados a seguir: Resposta verbal Nesse critério, a pontuação poderá variar de 1 a 5 pontos, sendo o paciente avaliado e pontuado conforme os comportamentos apresentados a seguir: Resposta motora Nesse critério, a pontuação poderá variar de 1 a 6 pontos, sendo o paciente avaliado e pontuado conforme os comportamentos apresentados a seguir: Resposta pupilar Agora que vimos os critérios clínicos da Escala de Coma de Glasgow convencional, vale ressaltar que a avaliação passou a incluir a resposta pupilar a partir de 2018. Seu uso acontece da seguinte forma: Outro aspecto importante é que em crianças menores de quatro anos, a avaliação da resposta verbal não se faz da mesma forma, podendo sofrer alterações dos critérios de avaliação. Para ficar por dentro disso, confira a rotina “Traumatismo craniano – na criança” disponível no app da Blackbook.  Na prática “Um paciente adulto, vítima de atropelamento, apresenta abertura ocular após pressão no leito ungueal, resposta verbal confusa, flexão anormal do membro superior e reatividade pupilar bilateral”. De acordo com a Escala de Coma de Glasgow, qual a pontuação final e qual o grau de lesão neurológica atribuídos ao paciente? Analisando os critérios já apresentados temos: Sendo assim, pontuação final é de 9 pontos, equivalente a um grau de lesão moderado. Com objetivo de analisar o grau de lesão neurológica, ainda há uma segunda resposta esperada. Então, vamos conferir um pouco sobre interpretação dos resultados da Escala de Coma de Glasgow? Como interpretar os resultados da Escala de Glasgow?  Na prática, a avaliação do Escore Glasgow é apenas um componente do exame neurológico. Além disso, é crucial avaliar a reatividade das pupilas (desde 2018), o fundo do olho, os reflexos do tronco cerebral, os reflexos dos membros, os sinais de meningite e a resposta plantar. Em conjunto, os resultados do exame podem auxiliar na identificação da localização de uma lesão neurológica. No entanto, usa-se a somatória das pontuações obtidas em cada critério apresentado anteriormente como referência do quadro neurológico, profundidade do coma, risco de apneia e parada: Caso a pontuação total do paciente seja menor ou igual a 8, a indicação é que esse paciente vá para intubação orotraqueal, visando garantir acesso às vias respiratórias e consequente manutenção da respiração, mesmo que mecânica, caso paciente rebaixe ainda mais. Ou seja, a Escala de Glasgow, quando aplicada corretamente, é muito efetiva e bem-vinda, no entanto, acaba tendo algumas limitações. Quais são as limitações? Quem faz a avaliação de cada paciente por meio da pontuação são pessoas, passíveis de erros, podendo avaliar diferentemente de outro profissional, um mesmo paciente, principalmente se não estiver bem treinado. Por isso, é muito importante praticar. O estudo e treino são essenciais – seja por meio da leitura de materiais como estes ou de casos clínicos, seja na prática. Quando não usar a Escala de Glasgow? Outro ponto importante, é que o uso dessa técnica só poderá acontecer caso os três critérios de avaliação sejam concluídos. Isso significa que em casos como: Sendo assim, caso não seja possível pontuar um dos critérios já apresentados, não se indica o uso da Escala de Coma de Glasgow. Alguns outros fatores apontados por pesquisadores como limitações são: Nas últimas quatro décadas, a Escala de Coma de Glasgow emergiu como a ferramenta principal empregada em mais de 80 países para avaliar o nível de consciência em pacientes. Se aplicada de maneira adequada e com pleno conhecimento de suas limitações, ela se revela um auxílio inestimável na avaliação clínica.  Agora que já conhece as aplicações da Escala de Glasgow, bem como suas limitações, aprofunde seus conhecimentos com as rotinas do app da Blackbook. Aproveite e teste 7 dias grátis todo o conteúdo! Referências BANDYOPADHYAY, Soham et al. Traumatic

O que o médico precisa saber sobre colecistite aguda

Mulher com dor abdominal intensa, um dos sintomas da colecistite aguda.

ATENÇÃO: O conteúdo a seguir sobre colecistite aguda foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. A colecistite aguda é uma emergência gastrointestinal comum, afetando 20% dos casos de litíase biliar. Entre os sintomas estão a dor abdominal intensa, febre, náuseas e vômitos. Saiba mais sobre o tema! A vesícula biliar é um importante órgão para a fisiologia do sistema digestivo. Localizada abaixo do lobo direito do fígado, tem como principais funções armazenar e secretar a bile em momentos de alimentação rica em gorduras – uma vez que a bile atua junto às lipases intestinais na digestão desses alimentos emulsificando-os. Apesar da importância desse órgão, ele está relacionado a alguns dos mais prevalentes problemas do trato gastrointestinal observados na clínica. A colelitíase, por exemplo, acomete um quarto das mulheres e 12% dos homens após os 50 anos, condição na qual os cálculos (formados em 75% dos casos de colesterol) estão presentes na vesícula biliar ou na via biliar. A estase biliar, como consequência da presença de cálculos na vesícula biliar, é um dos principais fatores que levam ao tema analisado a seguir: a coleciste aguda. O que é colecistite aguda? A colecistite aguda é um dos principais diagnósticos gastrointestinais realizados nos atendimentos emergenciais. Dos casos de litíase biliar, sintomáticos ou não, 20% desenvolvem um quadro de colecistite ao longo da vida. Ela costuma ser mais prevalente em pessoas que possuem fatores de risco como: A patologia ocorre devido ao esvaziamento inadequado da vesícula biliar, seja por oclusão do ducto cístico, seja pelo mau funcionamento mecânico da vesícula. Isso gera estase da bile, edema da parede da vesícula, isquemia e gangrena. Aproximadamente 90% dos casos estão relacionados à colelitíase, com obstrução do colo vesical ou do ducto biliar comum. Enquanto isso, 10% relacionam-se a alterações isquêmicas da parede da vesícula. Colecistite aguda litiásica x colecistite aguda alitiásica A colecistite aguda litiásica é a forma mais comum, ocorrendo em 90% dos casos, como pontuado. Diante de um cálculo no ducto cístico, este acaba impossibilitando a drenagem da bile, gerando estase, distensão da parede da vesícula, isquemia e necrose. Os cálculos se dividem em dois tipos: de colesterol e de pigmento – sendo os de colesterol mais prevalentes (75% dos casos). Cálculos de colesterol se formam a partir da hipersecreção de colesterol na vesícula, resultando em saturação biliar, nucleação e crescimento do cálculo. Os cálculos pigmentares podem ser pretos ou marrons. Em pacientes que apresentam hemólise crônica, os pretos são mais comuns. Já os marrons podem ser encontrados em pacientes que apresentam infecção dos ductos biliares obstruídos. A colecistite aguda alitiásica corresponde à forma menos comum dessa patologia, presente em 10% dos casos. Ela tem esse nome, pois não está relacionada com a presença de um cálculo no ducto cístico, mas sim com a inflamação do ducto e consequente impedimento da passagem da bile. Esse tipo de colecistite geralmente está presente em pacientes graves, geralmente em leitos de UTI. É possível notar que em ambas as formas da patologia aguda, a inflamação está presente, ora como agente do problema, ora como resultado. No entanto, é importante pontuar que geralmente, ela é estéril, podendo haver em seguida crescimento de bactérias entéricas, como E. coli, Klebsiella e Enterococcus. Colecistite aguda x colecistite crônica Como em qualquer outra manifestação aguda, na colecistite aguda os sintomas surgem de repente, causando dores intensas e constantes com possibilidade de irradiar por todo o abdômen superior. Tanto na forma litiásica quanto na alitiásica, a interrupção do fluxo da bile gera inflamação que leva à dor intensa relatada pela maioria dos pacientes que desenvolvem a forma aguda da doença. Na colecistite crônica, a inflamação da vesícula biliar é mais prolongada. O tempo de inflamação prolongado leva a algumas das manifestações clínicas mais prevalentes dessa forma da patologia: cólica biliar, ou seja, crises repetidas de dor quando ocorre o bloqueio temporário do ducto cístico. Cabe pontuar que a cronificação advém da permanência de cálculos biliares nas vias biliares e de outros episódios agudos da doença. Quais são as manifestações clínicas da colecistite aguda? Na colecistite aguda, a dor abdominal é o sintoma dominante e que mais chama a atenção, sendo o principal motivo de busca por atendimento médico em menos de uma semana após o início da doença.  Características da dor abdominal: Associado à dor abdominal, em 70% dos pacientes estão presentes outros sinais e sintomas, como febre, náuseas e vômitos. Inclusive, estes são explicados pelo processo inflamatório em si e até mesmo pelo quadro de dor intensa. O quadro de febre varia entre 37° e 39° C. Ademais, quando os valores estão acima de 38° C, junto de calafrios, leucocitose e diminuição da peristalse, podem sugerir a formação de abscesso ou mesmo perfuração da vesícula biliar. A tríade clássica de Charcot (dor no hipocôndrio direito + febre com calafrios + icterícia) não é muito comum. Uma vez que na colecistite aguda a icterícia se manifesta em apenas 10% dos casos, ela se mantém mais relacionada à colangite e à obstrução do colédoco. Apesar de não ser comum, deve ser tratada como sinal de alerta devido à sua ligação com infecções da via biliar que podem necessitar de tratamento. Importante ressaltar! Durante o exame físico, serão observadas sensibilidade e rigidez abdominal significativas à palpação, podendo haver a presença de massa abdominal devido ao aumento da vesícula biliar ou à aderência do peritônio e órgãos à vesícula. Além disso, um indício típico da colecistite aguda é o sinal de Murphy positivo, que ocorre na palpação profunda do hipocôndrio direito.  No app Blackbook, os sinais e sintomas ainda mais específicos, além do passo a passo da realização de todos os exames físicos, estão bem detalhados. Vale a pena conferir! Como confirmar o diagnóstico da patologia? O diagnóstico da colecistite aguda envolve, além dos critérios clínicos, a utilização de exames de imagem. Conforme a Diretriz de Tóquio de 2018, o diagnóstico definitivo da doença é estabelecido pela presença de achados de