Estudos sobre Long COVID - Blackbook
ATENÇÃO: O conteúdo a seguir foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas.

A Long COVID é considerada uma doença pela OMS desde o fim de 2021. Embora os dados não sejam tão conclusivos, alguns podem contribuir para estudos de caso. Veja as pesquisas que separamos!

A Long COVID (COVID longa) ou síndrome pós-COVID aguda trata-se do quadro persistente de sintomas atribuídos ao SARS-CoV-2.

São manifestações clínicas novas, recorrentes ou persistentes, com possibilidade de aparecer até 3 meses após o início da infecção. Elas costumam durar ao menos 2 meses e não têm explicação em diagnósticos alternativos. Estudos já identificaram mais de 2001 sintomas em pacientes que apresentaram a condição.

Em outubro de 20212, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente a Long COVID como doença. Desde então, os dados ainda não são suficientes para avaliar evidências consistentes e, de fato, conclusivas.

Para você ficar por dentro do assunto, listamos algumas pesquisas realizadas pela comunidade científica nos últimos meses. 

1. Revista médica The Lancet

Na primeira semana de agosto de 2022, um estudo da revista médica holandesa The Lancet trouxe o dado de que 1 a cada 8 pessoas que tiveram COVID acabam tendo COVID longa também. Esse número equivale a 12,7% da amostra.

Vale ressaltar que houve uma comparação entre o número de pacientes que manifestaram sintomas novos ou persistentes após a infecção e os que só tiveram a Long COVID, sem ter quadros de COVID nos meses anteriores. A proporção foi de 21% para 9%.

Por conta disso, foi considerado um dos primeiros relatórios abrangentes sobre a síndrome pós-COVID aguda. Afinal, esses dados sobre a população não infectada ajudam a entender e identificar melhor os principais sintomas dessa nova doença.

Veja a pesquisa completa na publicação da The Lancet!

2. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais

Já a pesquisa da Fiocruz tem um recorte mais específico. Foram acompanhados 646 pacientes de Minas Gerais diagnosticados com COVID-19, durante 14 meses. Mais da metade (50,2%) apresentou sintomas persistentes.

Nessa pesquisa, foram identificados 23 sintomas, sendo a fadiga o principal deles –– indicada por 35,6% dos pacientes. Logo em seguida, vem:

  • Tosse persistente (34%);
  • Dificuldade de respirar (26,5%);
  • Perda de olfato ou paladar (20,1%);
  • Dores de cabeça frequentes (17,3%);
  • Transtornos mentais, como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%).

A Fiocruz ainda apontou três formas de Long COVID: grave, moderada e leve. A manifestação moderada foi a mais incidente, presente em 75,4% dos pacientes.

Confira os detalhes na publicação da Fiocruz!

3. Organização Mundial da Saúde (OMS)

No Relatório Europeu da Saúde 2021, a OMS apresentou algumas estimativas sobre a Long COVID. De acordo com a Organização, 10% a 20% dos pacientes com COVID-19 tiveram sintomas persistentes por semanas e até meses após a fase aguda da infecção.

Quanto aos sintomas, são considerados “imprevisíveis e debilitantes” pela OMS, com danos inclusive para a saúde mental dos pacientes. A fadiga, a falta de ar e a disfunção cognitiva são alguns dos destacados na publicação.

Entenda mais sobre as estimativas na publicação da Agência Brasil, com dados da OMS!

4. King`s College de Londres (tipos de sintomas)

A universidade King`s College fez um estudo com base em relatos de pacientes no app Zoe COVID –– ferramenta usada no Reino Unido para monitorar os sintomas da infecção. Com isso, notou três tipos de manifestações clínicas para a categorização.

Os sintomas se dividem em:

  • Neurológicos: aqui estão a fadiga, dificuldades de concentração, perda de memória, dores de cabeça e névoa cerebral. Sua prevalência ocorreu nas ondas das variantes Alfa e Delta; 
  • Respiratórios: falta de ar grave e persistente, dores no peito e tosse contínua são os representantes dessa categoria. Notou-se que foram mais comuns com a cepa original do vírus; 
  • Persistentes: já esse tipo inclui sintomas que não são nem neurológicos, nem respiratórios. Alguns exemplos são palpitações no coração, dores musculares e alterações na pele e no cabelo.

Conheça os detalhes do estudo na publicação da King`s College London!

5. King`s College de Londres (variante Ômicron)

Outro estudo da universidade britânica diz respeito à variante Ômicron. Segundo a publicação, ela tem menor chances de causar a Long COVID, quando comparada à variante Delta.

Os dados utilizados para o levantamento são da mesma plataforma anterior, app Zoe. Pela análise dos sintomas e duração dessas manifestações, temos que os casos da síndrome pós-COVID aguda foram de 20% a 50% menos incidentes durante a onda da variante Ômicron.

A proporção de pacientes com Long COVID entre dezembro de 2021 e março de 2022 foi de 4,5% (pico da Ômicron) para 10,8% (surto da variante Delta).

Acesse a publicação da The Lancet na íntegra!

6. Centro de pesquisa APC Microbiome Ireland

A pesquisa contou com 988 participantes que tiveram sintomas persistentes de COVID e foi realizada em parceria com Cork University Hospital (CUH) e o Long Covid Advocacy.

 O resultado nos mostra que 90% ainda não retomaram a saúde plena. Além disso, após um ano que tiveram a doença, dois a cada três continuam sentindo sintomas como:

  • Náuseas;
  • Fadiga;
  • Palpitações;
  • Dores musculares e nas articulações;
  • Problemas de memória;
  • Dores de estômago;
  • Dores no peito;
  • Mal-estar após esforços.

Esses sintomas têm grande impacto no dia a dia dessas pessoas. Por exemplo:

  • Quatro em cada dez perceberam prejuízos em suas atividades diárias, como o trabalho.
  • Seis em cada dez tiveram que faltar ao trabalho devido aos sintomas persistentes de COVID;
  • 16% se afastaram do trabalho devido à Long COVID.

Leia a publicação completa na HBR Open Research!

7. Universidad Rey Juan Carlos

O estudo da universidade espanhola entrevistou 668 pessoas que tiveram COVID. Desse total, 360 precisaram de internação e 308 ficaram em casa até a recuperação da doença. O resultado foi que 67% delas ainda percebem sintomas como fadiga, perda de memória e dores no corpo após quase dois anos da infecção.

Entre as complicações mais comuns a pacientes do grupo dos hospitalizados está a falta de ar. Já para as pessoas que não foram internadas, a perda de olfato está em destaque.

23 meses após o diagnóstico de COVID, 59,7% dos pacientes que foram hospitalizados ainda estão com ao menos um sintoma da COVID longa. Já entre os que se recuperaram em casa, essa porcentagem sobe para 67,5%.

Confira a publicação na revista médica JAMA!

A síndrome pós-COVID aguda, COVID longa ou Long COVID pode ser um de seus temas de estudo nos próximos meses para encontrar o tratamento adequado aos pacientes. Por isso, é importante acompanhar de perto os estudos realizados para colocar em prática os preceitos de análise da Medicina baseada em evidências.

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Fonte:

1. The Lancet

2. OMS