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Quando suspeitar de uma Doença Renal Crônica?

Doença renal crônica - quando suspeitar?

ATENÇÃO: O conteúdo sobre Doença Renal Crônica foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. O Brasil tem mais de 10 milhões de afetados por algum grau de doença renal. Desse número, 140 mil pessoas estão em hemodiálise. Em 2022, 4.828 pacientes passaram por transplante renal, o que coloca o país na terceira posição no que diz respeito ao número de procedimentos desse tipo. Além disso, resulta em um mínimo de 2,4 milhões de óbitos anualmente. Com base nas informações da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o Brasil testemunha a alta incidência de Doença Renal Crônica (DRC) avançada. Esse aumento leva ao expressivo número de pacientes dependentes de hemodiálise, o que não só compromete a qualidade de vida do paciente, mas sobrecarrega financeiramente o SUS. A fim de aprimorar e ampliar o suporte oferecido às pessoas em tratamento de Doença Renal Crônica, o Ministério da Saúde reajustou em 10,3% o valor destinado à hemodiálise convencional, dentro da tabela do SUS. Um investimento total de R$600 milhões será direcionado a essa iniciativa. Apesar do objetivo nobre, os custos poderiam ser reduzidos caso a prevenção de DRC fosse efetiva. Sabemos que pessoas que sofrem de Doença Renal Crônica enfrentam um risco três vezes maior de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares em comparação com aqueles sem essa condição. Eventos como: Como resultado, os portadores de DRC têm probabilidade substancialmente maior de enfrentar resultados fatais em comparação com a progressão para um estágio terminal da doença renal. Sabendo que em uma grande parcela dos casos de Doença Renal Crônica os fatores de risco são preveníveis e até mesmo tratáveis, é fundamental compreender a patologia, como faremos a seguir! O que é a Doença Renal Crônica? De forma geral, a Doença Renal Crônica se caracteriza pelas lesões nos rins que persistem por um período igual ou superior a três meses. O estágio final desse processo é mais reconhecido como insuficiência renal crônica, requerendo a realização de diálise ou um transplante renal para a manutenção da vida. A Doença Renal Crônica engloba transformações complexas que afetam a estrutura e a operação dos rins. Essa operação não envolve apenas a depuração realizada por eles, mas também a regulação do volume plasmático e de outros íons como: Além dos íons, regula a produção de hormônios como: Quaisquer lesões ou insultos que provoquem disfunção renal, sejam pré-renais, renais ou pós renais, podem levar à: Origem e prognósticos É importante pontuar que a Doença Renal Crônica possui múltiplas origens e vários indicadores prognósticos. O distúrbio apresenta um curso prolongado, evoluindo gradualmente e, na maior parte do período, é silencioso em seus sintomas. Inúmeros elementos estão vinculados tanto à origem quanto ao avanço em direção à deterioração da função renal.  Portanto, é crucial identificar pessoas com predisposição ao desenvolvimento da Doença Renal Crônica, ou que apresentem disfunção renal leve e silenciosa, que muitas vezes é reversível. Assim, torna-se possível viabilizar um diagnóstico e abordagem mais precoces e, consequentemente, um melhor prognóstico. Para isso, é importante compreender quais os principais fatores de risco para DRC.  Quais os principais fatores de risco para a Doença renal crônica? Muitos são os fatores de risco para o desenvolvimento de Doença Renal Crônica. No entanto, nesse tópico não será avaliado apenas o que pode levar ao desenvolvimento da doença. Veremos também os preditores para uma pior progressão, isto é, marcadores de que o paciente com DRC tem pior prognóstico para perda de função renal ao longo da evolução clínica. Geralmente, estão sob o risco de desenvolver DRC: Já quem tem risco de pior prognóstico são: Além de todos esses fatores que contribuem para o desenvolvimento e pior prognóstico da Doença Renal Crônica, existem muitos outros no app Blackbook. Diagnóstico da DRC: quais os achados na anamnese, nos exames físicos e nos exames complementares? O diagnóstico da doença renal crônica pode ser um desafio para muitos médicos, principalmente no início do desenvolvimento da patologia. Afinal, na maioria dos casos, ela é assintomática nessa fase. Em geral, as manifestações clínicas da DRC surgem em estágios mais avançados da doença, quando os rins se tornam incapazes de manter suas funções. Sinais e sintomas como descontrole pressórico, edema, congestão pulmonar, anemia, acidose e diversas outras complicações, muitas vezes só podem ser observados quando o paciente já não pode mais se beneficiar de controle da doença de base a fim de evitar a progressão da doença renal. Assim sendo, a identificação e abordagem precoce dos casos leves e assintomáticos de doença renal é essencial para a eficácia do tratamento. Como fazer o rastreamento na fase inicial da doença? Uma vez que trata-se de uma doença de início silencioso, é aconselhável realizar, regularmente, a avaliação da creatinina (com estimativa da taxa de filtração glomerular). Também se indica a detecção de proteinúria por meio do teste com fita, especialmente em pacientes com risco elevado. É o caso daqueles com diabetes mellitus, hipertensão arterial, bem como pacientes com histórico pessoal ou familiar de doença renal.  E após surgir a sintomatologia de Doença Renal Crônica? Após o surgimento dos sintomas é mais sugestiva a suspeita de Doença Renal Crônica, sendo as manifestações a seguir as principais encontradas durante a anamnese e exame físico do paciente que procura o serviço de saúde. Como confirmar o diagnóstico, de fato? Para identificar pacientes com Doença Renal Crônica, existem recursos diagnósticos como a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), análise sumária de urina (EAS) e, idealmente, um exame de imagem. É o caso da ultrassonografia dos rins e das vias urinárias. Sendo assim, vamos avaliar a seguir cada recurso diagnóstico. Taxa de filtração glomerular A fim de avaliar a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), o conselho é evitar a utilização da depuração de creatinina medida por meio da coleta de urina durante 24 horas. Isso por causa do potencial de imprecisões na coleta e das dificuldades temporais envolvidas. É mais indicado empregar fórmulas que estimem a TFG com base na creatinina sérica. As principais fórmulas recomendadas para esse cálculo

Hepatite C: Epidemiologia, Transmissão, Sintomas e Tratamento

ATENÇÃO: O conteúdo a seguir foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. A hepatite C é uma infecção viral que afeta o fígado, causando inflamação e, eventualmente, levando a sérias complicações de saúde como cirrose e carcinoma hepatocelular. Apesar dos grandes avanços no diagnóstico e tratamento da hepatite C, a doença ainda afeta milhões de pessoas globalmente. Neste artigo, vamos explorar profundamente o que é hepatite C, a epidemiologia da doença, como ela é transmitida, os sintomas da hepatite C e o tratamento disponível. Então, tenha uma excelente leitura! O que é Hepatite C? Em primeiro lugar, vamos reforçar que a hepatite C é uma infecção do fígado causada pelo vírus da hepatite C (HCV). A infecção pode ser aguda ou crônica, variando em gravidade desde uma doença leve que dura algumas semanas até uma doença grave e permanente. Vale destacar que, no Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. No entanto, também se pode encontrar a hepatite do tipo delta (D) em regiões específicas, como a Norte. Epidemiologia da Hepatite C Globalmente, estima-se que cerca de 71 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C. Assim, a cada ano, por volta de 400 mil pessoas morrem de complicações relacionadas à hepatite C, como cirrose e carcinoma hepatocelular. Por exemplo, no Brasil, estima-se que a prevalência de pessoas sororreagentes seja de aproximadamente 0,7%, representando cerca de 700 mil casos virêmicos que necessitam de tratamento. Nesse sentido, o genótipo 1 do HCV é o mais prevalente no país, seguido pelo genótipo 3, enquanto o genótipo 2 é mais comum na região Centro-oeste. Entre os pacientes em diálise crônica, a prevalência é ainda maior, chegando a 3,7%. Veja também: Hepatite B: o que é, transmissão, sintomas e tratamento Grupos Prioritariamente Testados para Hepatite C Dada a gravidade da hepatite C e a importância do diagnóstico precoce para um resultado de tratamento bem-sucedido, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda o teste regular para vários grupos de risco. Esses grupos incluem pessoas vivendo com HIV, sexualmente ativas prestes a iniciar a profilaxia pré-exposição (PrEP) para HIV, com múltiplos parceiros sexuais ou com infecções sexualmente transmissíveis múltiplas, trans, trabalhadores do sexo e pacientes em hemodiálise. Além disso, outros grupos devem ser testados pelo menos uma vez na vida, incluindo pessoas com 40 anos ou mais, pessoas que consomem álcool e outras drogas, pessoas privadas de liberdade, pessoas que receberam transfusão de sangue ou hemoderivados antes de 1993, profissionais da saúde e pessoas com antecedente de exposição percutânea/parenteral a sangue. História Natural da doença A infecção pelo vírus da hepatite C divide-se em duas fases: aguda e crônica. A fase aguda ocorre logo após a infecção e, muitas vezes, apresenta poucos ou nenhum sintoma. Cerca de 20 a 30% dos indivíduos na fase aguda apresentam sintomas que variam de fadiga, náusea e dor abdominal a icterícia. Em 15 a 40% dos casos, a infecção é eliminada espontaneamente. Se a infecção persistir por mais de seis meses, ela entra na fase crônica, que ocorre em 60 a 85% dos casos. Na ausência de tratamento, a infecção crônica pelo HCV pode levar à cirrose hepática, aumentando o risco de hepatocarcinoma e descompensação hepática. Transmissão da Hepatite C Esse tipo de hepatite é transmitida principalmente através do contato direto com o sangue de uma pessoa infectada, seja por meio de práticas inadequadas de injeção, transfusões de sangue não testadas ou uso compartilhado de equipamentos para uso de drogas. Além disso, a transmissão sexual também é possível, embora menos comum, especialmente em indivíduos com múltiplos parceiros e práticas sexuais de risco. A transmissão vertical, de mãe para filho durante o parto, também ocorre, mas representa uma menor proporção de casos. Sintomas da Hepatite C Os sintomas de tal doença são muitas vezes inespecíficos e variam em gravidade. Na fase aguda, os sintomas podem incluir fadiga, náusea, dor abdominal, perda de apetite e icterícia. Por outro lado, na fase crônica, os sintomas podem incluir fadiga persistente, dor no fígado, perda de apetite e icterícia. Tratamento Específico Recomenda-se o tratamento da hepatite C para todos os pacientes com diagnóstico de infecção crônica, independentemente do grau de fibrose hepática. Uma variedade de terapias estão disponíveis, incluindo a combinação de Velpatasvir e Sofosbuvir, Glecaprevir e Pibrentasvir, e Alfapeguinterferona 2a em crianças, cada uma com suas próprias contraindicações. Por exemplo, não se recomenda mais a Ribavirina para pacientes sem cirrose e em terapia inicial para hepatite C. Define-se o tratamento específico pelo genótipo do paciente, a presença ou ausência de cirrose avançada e outras comorbidades. Situações especiais, como a coinfecção HCV/HIV e HCV/HBV, hepatopatia avançada, gravidez e doença renal crônica, requerem atenção especial. O protocolo brasileiro, definido pelo PCDT (2019) e atualizado pela Nota Técnica 30/2023, fornece orientações detalhadas para cada situação clínica. Antes de iniciar o tratamento, é importante checar possíveis interações medicamentosas. Hepatite C tem Cura? Felizmente, a doença tem cura. O avanço da medicina nos últimos anos proporcionou tratamentos altamente eficazes para a hepatite C. Os medicamentos antivirais de ação direta (DAAs) são atualmente o padrão de tratamento, e com um curso de 8 a 12 semanas, mais de 95% dos pacientes têm chances de cura. Um ponto importante para a cura é realizar o teste de forma precoce a fim de que a doença não se torne crônica e venha a causar a cirrose. Ou seja, para que o tratamento atue de forma 100% eficaz é de suma importância realizar diagnóstico e, por tabela, tratamento específico precoce. Testagem e tratamento da Hepatite C no SUS Vale mencionar que o Brasil é um dos poucos países que oferecem o tratamento gratuito para hepatite C, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O paciente pode ser encaminhado tanto pelo médico da rede pública quanto de profissionais que atendem em consultórios particulares, seguindo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a doença. Mas não só isso. Em fase

Hepatite B: o que é, transmissão, sintomas e tratamento

Blackbook - Hepatite B

Compreender a hepatite B é crucial para profissionais da saúde, especialmente médicos e estudantes de medicina. Então, se você quer saber ou se lembrar melhor o que é a hepatite B, como funciona a transmissão, quais são os principais sinais e sintomas, além das opções de tratamento, este é o lugar certo. Vamos lá? O que é a hepatite B? A hepatite B é uma doença viral crônica capaz de lesar fígado de forma aguda mas mais frequentemente causa uma hepatopatia progressiva e de evolução lenta.  O HBV tem um forte tropismo pelas células do fígado pois os hepatócitos possuem receptores do HBV que facilitam a entrada do vírus onde ocorre sua replicação. Como funciona a transmissão da doença? Existem várias maneiras de transmissão do HBV, incluindo: O período de incubação é em média de 60 a 90 dias, mas pode variar de 30 a 180 dias. O período de transmissibilidade começa cerca de duas a três semanas antes dos primeiros sintomas e se mantém enquanto o HBsAg estiver positivo na sorologia para hepatite B. Entre os pacientes com HBsAg positivos, os que apresentam HBeAg (marcador de replicação viral) reagente têm maior risco de transmitir o HBV do que os com HBeAg não reagente. Quais são os principais sinais e sintomas da hepatite B? Os sintomas da hepatite B podem variar desde uma apresentação subclínica e anictérica (70% dos casos) até uma hepatite ictérica (30% dos casos). A forma aguda da doença pode apresentar sintomas prodrômicos de febre baixa, náuseas, vômitos, anorexia, fadiga e dor em hipocôndrio direito e/ou epigástrio. Na forma ictérica, sintomas constitucionais precedem em 10 dias o aparecimento de icterícia. Na fase crônica, os pacientes em geral têm um curso assintomático ou apresentam sintomas constitucionais como fadiga, anorexia e náuseas. Com a progressão da doença hepática para cirrose, surgem seus estigmas, podendo evoluir para complicações. Além disso, ressalta-se que a hepatite B crônica se caracteriza pela detecção de material genético ou de antígenos virais por um período de seis meses após o diagnóstico inicial. Nesses casos, os pacientes apresentam sinais histológicos de lesão hepática (inflamação com ou sem fibrose) e marcadores sorológicos/virológicos de replicação viral, com possível agravamento da doença hepática em longo prazo. Exame Físico No exame físico, a hepatite aguda geralmente se manifesta por hepatomegalia e febre baixa, podendo estar acompanhada por icterícia (na forma ictérica da doença) e esplenomegalia. Em casos raros, pode apresentar eritema palmar e aranhas vasculares. Na hepatite crônica, são comuns os estigmas de hepatopatia crônica e cirrose, como: Critérios Diagnósticos Segundo o Ministério da Saúde De acordo com o Ministério da Saúde, um caso de hepatite B se confirma quando o indivíduo apresenta um ou mais dos seguintes marcadores reagentes ou exame de biologia molecular para hepatite B: HBsAg reagente; anti-HBc IgM reagente; HBV-DNA detectável. Além disso, o indivíduo que evolui ao óbito com menção de hepatite B na declaração médica, também é um caso confirmado. Nesse sentido, um ponto de atenção é que se deve notificar hepatites em até sete dias no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Para tanto, utiliza-se a Ficha de Investigação das Hepatites Virais. Em sequência, as fichas vão ao nível hierarquicamente superior ou ao órgão responsável pela vigilância epidemiológica em níveis municipal, regional, estadual ou federal. Tratamento para hepatite B na prática O tratamento da hepatite B pode variar dependendo do estágio da doença e da saúde geral do paciente. De fato, em alguns casos, o tratamento não é necessário imediatamente. No entanto, em outros, medicamentos antivirais ou até mesmo transplante de fígado podem ser necessários. De qualquer forma, o acompanhamento regular com um médico é essencial para monitorar a progressão da doença e adaptar o tratamento conforme necessário. Como funciona a vacinação contra esta hepatite? A vacina contra a hepatite B é uma forma altamente eficaz de prevenção. Ela deriva de parte do vírus (antígeno de superfície da hepatite B ou HBsAg) que é produzida em laboratório usando leveduras geneticamente modificadas. A vacina não contém vírus vivo, por isso não pode causar a doença. Ela ativa o sistema imunológico para produzir anticorpos contra o vírus, que podem proteger contra uma infecção futura. O esquema padrão de vacinação contra hepatite B é de três doses administradas em 0, 1 e 6 meses. No entanto, em algumas populações de alto risco (por exemplo, imunocomprometidos ou pessoas com doença renal crônica), uma dose mais alta pode ser recomendada, bem como avaliar a soroconversão (a produção de anticorpos em resposta à vacina) após a vacinação. Recomenda-se a vacinação para todas as pessoas, mas especialmente para aqueles em alto risco de infecção, como profissionais de saúde, pessoas com parceiros sexuais com hepatite B, e bebês nascidos de mães infectadas com hepatite B. Além disso, a imunoglobulina humana anti-hepatite B (HBIG) pode ser dada a pessoas que foram recentemente expostas ao vírus (por exemplo, através de contato sexual ou exposição a sangue infectado) e que não foram vacinadas ou não têm imunidade completa. Em pessoas que não desenvolveram imunidade após a vacinação (indicada por anti-HBs <10 miliunidades/mL), um esquema adicional de três doses da vacina pode ser recomendado. A hepatite B pode ser curada? Na hepatite B aguda, a maioria dos adultos saudáveis (mais de 90%) infectados irão desenvolver uma resposta imune. Nesse caso, a imunidade irá remover o vírus de seu corpo e proporcionar imunidade contra futuras infecções. Em outras palavras, eles têm a “cura” de sua infecção aguda. A hepatite B crônica (HBsAg positivo com mais de seis meses de doença) é uma doença que possui tratamento, mas o resultado do tratamento varia com o estágio da infecção e da resposta do paciente ao tratamento. É importante lembrar que “cura” aqui deve ser entendida como a eliminação completa do vírus do organismo (contagem viral ficar zerada), o que nem sempre é possível. Mesmo quando o tratamento não cura a doença, ele consegue reduzir a progressão da doença para a cirrose. Ao suprimir a replicação do vírus o tratamento reduz a inflamação e o dano

Síndrome de Guillain-Barré em pauta: do diagnóstico ao tratamento

Síndrome de Guillain-Barré - um olhar médico sobre SGB

ATENÇÃO: O conteúdo a seguir foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. Em 8 de julho, o Peru declarou situação de emergência devido à alta incidência da Síndrome de Guillain-Barré, que resultou em 182 casos em 2023. Até então, 31 pacientes estavam hospitalizados, 147 receberam alta hospitalar e quatro pessoas faleceram em decorrência da doença. Vamos revisar a sua fisiopatologia, os fatores associados, os sinais e sintomas e outras informações? Após a pandemia de Covid-19, é grande a preocupação com epidemias de doenças antigas e futuras pandemias de novas doenças. Por esse motivo, assim que se anunciou a emergência no Peru, devido à Síndrome de Guillain-Barré, muitos questionamentos surgiram no Brasil por parte de pessoas leigas. Afinal, qual o risco que o problema representaria para a saúde pública? Segundo o Ministério da Saúde, o risco é baixo para o Brasil. Isso se deve ao fato de que a síndrome em si não é contagiosa, mas algumas doenças que a causam são infecciosas, como a Zika e a Covid-19. A incidência mundial da Síndrome de Guillain Barré é de 0,5 a 2 casos para cada 100 mil habitantes por ano. Já dados brasileiros apontam uma incidência anual de cerca de 0,6 casos por 100 mil habitantes, com pico entre pessoas de 20 a 40 anos.  Mesmo que rara, ela não é de notificação compulsória, diferentemente da paralisia flácida gerada por ela (suspeita de poliomielite) e de casos pós-vacinação, inclusive pela vacina da Covid-19. O Ministério da Saúde faz o monitoramento por meio do registro de internações e atendimentos hospitalares. Agora que já sabe um pouco da epidemiologia atual, vamos relembrar um pouco mais sobre a Síndrome de Guillain-Barré?  Qual é a etiologia da Síndrome de Guillain-Barré? A Síndrome de Guillain-Barré (SGB), ou CID G.61.0, refere-se a um conjunto de polineuropatias agudas com origem imunológica. Essa condição é atualmente a principal causa de paralisia flácida de início agudo e que evolui de forma progressiva, podendo causar complicações sérias como insuficiência respiratória ou disfunção autonômica. Surge de uma resposta imune cruzada, em que anticorpos produzidos contra partes de alguns agentes infecciosos (epítetos) passam a funcionar tambem como autoanticorpos e atacam a bainha de mielina dos nervos ou os próprios axônios, causando lesões neurológicas e as manifestações clínicas. Essa resposta imune cruzada gera o desencadeamento de uma neuropatia inflamatória aguda em 85% dos casos. Desses, em 15%, a reação cruzada ocorre com os antígenos presentes na membrana do axônio, desencadeando a forma axonal aguda da síndrome. Fatores associados O paciente relata a infecção prévia (gatilho imune) em 70% dos casos, ocorrida entre 5 dias e 6 semanas antes do aparecimento dos sintomas de fraqueza muscular. A reação cruzada se dá por anticorpos formados principalmente contra alguns tipos de bactérias e vírus como: Bactérias: Vírus: Em algumas situações mais específicas, a etiologia pode ser oriunda de antígenos vacinais, secundário a politraumatismo grave ou até mesmo quadros pós-cirúrgicos.  No ano de 2019, por exemplo, o Peru enfrentou um surto da doença com 900 casos, associados à bactéria Campylobacter jejuni, causadora de diarreia. Em 2020, foram registrados 448 casos, em 2021 foram 210, e em 2022, um total de 225 casos.  Dentre as classificações de polineuropatias agudas imunomediadas, são destaques: A primeira classificação é a mais comum e a última a menos comum. Por mais que tenham nomes complexos, são de fácil entendimento. Na primeira, ocorre a desmielinização devido a uma inflamação aguda em múltiplos nervos periféricos e raízes nervosas. As outras duas classificações abrangem lesões axonais que são menos prevalentes, sendo a lesão de nervos sensoriais a mais rara. Quais os principais sinais e sintomas? A Síndrome de Guillain-Barré é clinicamente caracterizada por uma tríade que inclui: Frequentemente, é precedida por dor lombar baixa e mialgias em muitos casos, progredindo rapidamente para: A evolução progressiva até fraqueza/paralisia da musculatura respiratória exigindo suporte ventilatório ocorre em 10 a 30% dos casos. Sendo assim, o paciente deve ser assistido constantemente pela equipe de saúde. Quando ocorre disautonomia, o funcionamento normal do sistema nervoso autônomo pode ser afetado, levando a alterações nas funções controladas por ele. É um sintoma que sugere alta gravidade e risco de morte. Em geral, os sintomas podem variar dependendo do tipo específico de disautonomia, mas algumas manifestações comuns incluem: Em cerca de 80% dos casos, o quadro clínico atinge um pico de gravidade nas três primeiras semanas, e a recuperação ocorre nas próximas semanas mas pode ser lenta e demorar até seis meses. No entanto, em até 15% dos casos, o padrão clínico característico pode não ser observado devido ao surgimento de diversas formas atípicas da doença. Agora que conhece melhor oos sinais e sintomas que levam à suspeita para Síndrome de Guillain-Barré, vale a pena conferir como confirmar a hipótese diagnóstica. Entendi! Mas como confirmar? O diagnóstico inicial é feito observando os sintomas (anteriormente apresentados) e através de exames neurológicos realizados por um neurologista experiente. Os principais sinais são paralisia flácida e progressiva, geralmente acompanhada de reflexos profundos fracos ou ausentes. Os critérios do National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) são usados com frequência para sistematizar o diagnóstico clínico das duas formas típicas principais: NAMA e PDIA. Porém, não são adequados para o diagnóstico das outras variantes existentes para essa síndrome. Além do exame físico e de informações fornecidas durante a anamnese, existem outros meios diagnósticos que merecem a sua atenção, como os seguintes. Análise do líquor cefalorraquidiano A punção lombar é indicada em todos os casos e pode ser repetida na semana seguinte, especialmente nos casos duvidosos, pois as alterações típicas levam algum tempo para aparecer. A característica mais comum da Síndrome de Guillain-Barré é a “dissociação albumino-citológica”, que consiste em um aumento da albumina no líquido cefalorraquidiano sem um aumento correspondente no número de células. No entanto, a dissociação albumino-citológica típica é encontrada em cerca de 70-80% dos casos. Portanto, sua ausência não descarta o diagnóstico. Já a concentração de albumina sérica está entre

Crupe: uma análise para profissionais de saúde

Na constante e emocionante jornada para decifrar os mistérios do corpo humano, os profissionais de saúde muitas vezes se encontram frente a frente com condições que, apesar de comuns, apresentam seus próprios desafios e complexidades. Uma dessas condições, conhecida entre nós como Síndrome do Crupe, é uma doença que frequentemente se manifesta em pacientes pediátricos e pode se transformar em um desafio real para médicos e estudantes de medicina. Quer seja o crupe viral ou a variante bacteriana, o diagnóstico e tratamento dessa síndrome pode significar a diferença entre uma recuperação rápida e complicações que necessitam de cuidados intensivos. Este artigo tem como objetivo mergulhar fundo na síndrome do crupe, apresentando uma análise completa da doença, desde sua apresentação clínica até os meandros do diagnóstico crupe, os fatores de risco associados, e os melhores tratamentos disponíveis. Se você é um médico experiente à procura de uma atualização ou um estudante de medicina ansioso para entender melhor essa condição, este artigo foi feito para você. Pegue sua caneta, abra a mente e embarque com a gente nesta jornada pelo fascinante e desafiador mundo da síndrome do crupe. O que é a síndrome de crupe? A síndrome do crupe caracteriza-se por um quadro agudo de estreitamento da via respiratória alta, com dispneia progressiva, estridor, tosse “de cachorro” e rouquidão. Afeta principalmente crianças de 3 meses a 6 anos de idade, sendo rara após os 6 anos, quando as vias aéreas tornam-se proporcionalmente maiores e os anéis cartilaginosos da traqueia mais firmes. De fato, a maior parte dos casos (aproximadamente 90%) é leve ou moderada, autolimitada, e melhora com medidas de suporte em casa. No entanto, cerca de 10% dos casos evoluem como uma emergência pediátrica que requer tratamento com corticoides orais ou parenterais e nebulização com adrenalina. Em situações mais graves, aproximadamente 1 a 2% dos pacientes podem evoluir com falência respiratória, necessitando de intubação e cuidados intensivos. Crupe Viral e Crupe Bacteriana De fato, é crucial entender a distinção entre a síndrome do crupe de natureza viral e a que tem origem bacteriana, pois embora compartilhem sintomas semelhantes, seu tratamento e manejo diferem. O crupe viral é o mais comum e costuma estar associado a vírus como o parainfluenza, influenza, adenovírus, entre outros. Esses agentes provocam uma inflamação na laringe, traqueia e bronquíolos, levando ao estreitamento das vias aéreas e, consequentemente, aos sintomas característicos do crupe. Geralmente, o crupe viral se resolve dentro de uma semana com tratamento de suporte, incluindo a administração de corticoides e medidas para manter a umidade no ambiente. Por outro lado, o crupe bacteriano, menos comum, é uma condição mais grave, podendo necessitar de tratamento mais agressivo e, em algumas circunstâncias, hospitalização. As causas mais comuns do crupe bacteriano incluem por: Essa forma da doença requer o uso de antibióticos, além do tratamento de suporte. Manifestações Clínicas e Fatores de Risco para o Crupe A síndrome do crupe apresenta-se em diferentes níveis de gravidade, desde casos leves com tosse rouca (“tosse de cachorro”) e estridor leve, até asfixia grave. As principais causas de crupe são as infecções virais, particularmente o parainfluenza (70% dos casos). Outras causas mais raras incluem traqueíte bacteriana, difteria, edema alérgico, corpo estranho na laringe e lesões por trauma ou irritantes locais. Fatores de risco incluem: Diagnóstico e Escores de Gravidade da Obstrução O diagnóstico é primariamente clínico, baseado nos sintomas apresentados pelo paciente. Para avaliar a gravidade da obstrução, os médicos podem utilizar os escores de gravidade da obstrução alta como o Escore de Westley e o Escore SBP. O Escore de Westley, por exemplo, considera critérios como o nível de consciência, cianose, estridor, entrada de ar e retração inspiratória. Já o Escore SBP considera retrações e tiragens, murmúrio vesicular ou entrada de ar, cor e estado de consciência do paciente. Tratamento da Síndrome do Crupe O tratamento da síndrome do crupe é estratégico e varia de acordo com a gravidade da condição. Nas situações leves a moderadas, a abordagem é, em geral, de suporte, e as intervenções são realizadas para manter o paciente confortável e garantir uma respiração eficaz. A utilização de corticoides é uma estratégia chave no tratamento do crupe. Estes medicamentos atuam na redução do edema da laringe, proporcionando alívio dos sintomas e prevenindo a progressão da doença. A dexametasona é o corticoide de escolha na maioria dos casos, devido à sua eficácia e longa duração de ação. Usualmente, a dexametasona é administrada em dose única por via oral ou intramuscular. A nebulização com adrenalina é outra intervenção comum e efetiva no tratamento do crupe. A adrenalina atua na contração dos vasos sanguíneos da laringe, reduzindo o inchaço e aliviando os sintomas de obstrução das vias aéreas. Esta terapia é particularmente útil para proporcionar um alívio rápido dos sintomas, embora os seus efeitos sejam temporários. Nos casos mais graves, quando há falha respiratória, a intubação traqueal se faz necessária. Este procedimento envolve a inserção de um tubo na traqueia do paciente para assegurar uma passagem de ar adequada. Em circunstâncias extremas, pode ser necessário realizar uma traqueostomia. Além disso, é importante lembrar que os pacientes devem ser monitorizados de perto durante todo o curso da doença. Isto é crucial para avaliar a resposta ao tratamento e para identificar rapidamente qualquer deterioração que possa requerer intervenções adicionais. Por último, mas não menos importante, a orientação adequada aos pais ou cuidadores é fundamental no manejo do crupe. Isto inclui explicar a natureza da doença, o plano de tratamento e os sinais de alerta que indicam a necessidade de atenção médica imediata. Conclusão A síndrome do crupe é uma condição pediátrica que requer um diagnóstico rápido e preciso para garantir um tratamento eficaz e prevenir complicações graves. Para informações detalhadas e orientações passo a passo, aproveite o teste gratuito de 7 dias do aplicativo Blackbook, onde você pode acessar essa e outras rotinas completas sem restrições. João Vitor CarvalhoMédico pela Universidade Federal do Amazonas com coeficiente médio de 9.1614. Pós-graduação em Psiquiatria – Faculdade Única (nota máxima MEC). Pós-graduação em Neurologia