Blackbook

Materiais Ricos

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

Crupe: uma análise para profissionais de saúde

Na constante e emocionante jornada para decifrar os mistérios do corpo humano, os profissionais de saúde muitas vezes se encontram frente a frente com condições que, apesar de comuns, apresentam seus próprios desafios e complexidades. Uma dessas condições, conhecida entre nós como Síndrome do Crupe, é uma doença que frequentemente se manifesta em pacientes pediátricos e pode se transformar em um desafio real para médicos e estudantes de medicina. Quer seja o crupe viral ou a variante bacteriana, o diagnóstico e tratamento dessa síndrome pode significar a diferença entre uma recuperação rápida e complicações que necessitam de cuidados intensivos. Este artigo tem como objetivo mergulhar fundo na síndrome do crupe, apresentando uma análise completa da doença, desde sua apresentação clínica até os meandros do diagnóstico crupe, os fatores de risco associados, e os melhores tratamentos disponíveis. Se você é um médico experiente à procura de uma atualização ou um estudante de medicina ansioso para entender melhor essa condição, este artigo foi feito para você. Pegue sua caneta, abra a mente e embarque com a gente nesta jornada pelo fascinante e desafiador mundo da síndrome do crupe. O que é a síndrome de crupe? A síndrome do crupe caracteriza-se por um quadro agudo de estreitamento da via respiratória alta, com dispneia progressiva, estridor, tosse “de cachorro” e rouquidão. Afeta principalmente crianças de 3 meses a 6 anos de idade, sendo rara após os 6 anos, quando as vias aéreas tornam-se proporcionalmente maiores e os anéis cartilaginosos da traqueia mais firmes. De fato, a maior parte dos casos (aproximadamente 90%) é leve ou moderada, autolimitada, e melhora com medidas de suporte em casa. No entanto, cerca de 10% dos casos evoluem como uma emergência pediátrica que requer tratamento com corticoides orais ou parenterais e nebulização com adrenalina. Em situações mais graves, aproximadamente 1 a 2% dos pacientes podem evoluir com falência respiratória, necessitando de intubação e cuidados intensivos. Crupe Viral e Crupe Bacteriana De fato, é crucial entender a distinção entre a síndrome do crupe de natureza viral e a que tem origem bacteriana, pois embora compartilhem sintomas semelhantes, seu tratamento e manejo diferem. O crupe viral é o mais comum e costuma estar associado a vírus como o parainfluenza, influenza, adenovírus, entre outros. Esses agentes provocam uma inflamação na laringe, traqueia e bronquíolos, levando ao estreitamento das vias aéreas e, consequentemente, aos sintomas característicos do crupe. Geralmente, o crupe viral se resolve dentro de uma semana com tratamento de suporte, incluindo a administração de corticoides e medidas para manter a umidade no ambiente. Por outro lado, o crupe bacteriano, menos comum, é uma condição mais grave, podendo necessitar de tratamento mais agressivo e, em algumas circunstâncias, hospitalização. As causas mais comuns do crupe bacteriano incluem por: Essa forma da doença requer o uso de antibióticos, além do tratamento de suporte. Manifestações Clínicas e Fatores de Risco para o Crupe A síndrome do crupe apresenta-se em diferentes níveis de gravidade, desde casos leves com tosse rouca (“tosse de cachorro”) e estridor leve, até asfixia grave. As principais causas de crupe são as infecções virais, particularmente o parainfluenza (70% dos casos). Outras causas mais raras incluem traqueíte bacteriana, difteria, edema alérgico, corpo estranho na laringe e lesões por trauma ou irritantes locais. Fatores de risco incluem: Diagnóstico e Escores de Gravidade da Obstrução O diagnóstico é primariamente clínico, baseado nos sintomas apresentados pelo paciente. Para avaliar a gravidade da obstrução, os médicos podem utilizar os escores de gravidade da obstrução alta como o Escore de Westley e o Escore SBP. O Escore de Westley, por exemplo, considera critérios como o nível de consciência, cianose, estridor, entrada de ar e retração inspiratória. Já o Escore SBP considera retrações e tiragens, murmúrio vesicular ou entrada de ar, cor e estado de consciência do paciente. Tratamento da Síndrome do Crupe O tratamento da síndrome do crupe é estratégico e varia de acordo com a gravidade da condição. Nas situações leves a moderadas, a abordagem é, em geral, de suporte, e as intervenções são realizadas para manter o paciente confortável e garantir uma respiração eficaz. A utilização de corticoides é uma estratégia chave no tratamento do crupe. Estes medicamentos atuam na redução do edema da laringe, proporcionando alívio dos sintomas e prevenindo a progressão da doença. A dexametasona é o corticoide de escolha na maioria dos casos, devido à sua eficácia e longa duração de ação. Usualmente, a dexametasona é administrada em dose única por via oral ou intramuscular. A nebulização com adrenalina é outra intervenção comum e efetiva no tratamento do crupe. A adrenalina atua na contração dos vasos sanguíneos da laringe, reduzindo o inchaço e aliviando os sintomas de obstrução das vias aéreas. Esta terapia é particularmente útil para proporcionar um alívio rápido dos sintomas, embora os seus efeitos sejam temporários. Nos casos mais graves, quando há falha respiratória, a intubação traqueal se faz necessária. Este procedimento envolve a inserção de um tubo na traqueia do paciente para assegurar uma passagem de ar adequada. Em circunstâncias extremas, pode ser necessário realizar uma traqueostomia. Além disso, é importante lembrar que os pacientes devem ser monitorizados de perto durante todo o curso da doença. Isto é crucial para avaliar a resposta ao tratamento e para identificar rapidamente qualquer deterioração que possa requerer intervenções adicionais. Por último, mas não menos importante, a orientação adequada aos pais ou cuidadores é fundamental no manejo do crupe. Isto inclui explicar a natureza da doença, o plano de tratamento e os sinais de alerta que indicam a necessidade de atenção médica imediata. Conclusão A síndrome do crupe é uma condição pediátrica que requer um diagnóstico rápido e preciso para garantir um tratamento eficaz e prevenir complicações graves. Para informações detalhadas e orientações passo a passo, aproveite o teste gratuito de 7 dias do aplicativo Blackbook, onde você pode acessar essa e outras rotinas completas sem restrições. João Vitor CarvalhoMédico pela Universidade Federal do Amazonas com coeficiente médio de 9.1614. Pós-graduação em Psiquiatria – Faculdade Única (nota máxima MEC). Pós-graduação em Neurologia

Febre maculosa: um alerta à saúde pública brasileira

A febre maculosa brasileira teve aumento de casos em 2023 e tornou-se uma preocupação no atendimento clínico.

ATENÇÃO: o conteúdo a seguir foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. Os primeiros casos da febre maculosa no Brasil datam de 1929 no estado de São Paulo. A preocupação com a febre maculosa cresceu nos últimos anos, particularmente nas últimas semanas.  No Brasil, a doença sempre foi mais frequente na região sudeste, associado ao desmatamento acelerado da Mata Atlântica, ocupações urbanas em áreas de matas como condomínios e criação de equídeos junto à bovinos, propiciando repasto sanguíneo abundante para os carrapatos do gênero Amblyomma. Conceito, agente etiológico e vetores Segundo a Dra. Aline Almeida Bentes, infectologista pediatra e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a febre maculosa brasileira é uma zoonose causada pela bactéria do gênero Rickettsia sp., sobretudo pela R. rickettsii (bactéria mais letal dos tipos de febre maculosa), cocobacilo pequeno (0,1 a 0,3 µm), gram-negativo e obrigatoriamente intracelular. No entanto, outras espécies de riquétsias têm sido detectadas em pacientes com febre maculosa, como é o caso da R. parkeri (casos geralmente mais brandos).  Além do Brasil, as bactérias do gênero Rickettsia sp. são encontradas em vários outros locais do mundo, sendo que em cada região a doença recebe um nome e possui uma espécie causadora principal: A patologia é classificada sindromicamente como uma Doença Infecciosa Febril Aguda, transmitida por carrapatos, que pode cursar com formas leves e atípicas até formas graves com elevada taxa de letalidade. Nesse sentido, ela faz diagnósticos diferenciais com, por exemplo: leptospirose; dengue; hepatite viral e salmonelose. Transmissão da febre maculosa Os principais vetores e reservatórios são os carrapatos do gênero Amblyomma sp., como: A. sculptum (A. cajennense) – popularmente conhecido como carrapato-estrela, A. aureolatum e A. ovale. Destaca-se que tais carrapatos também podem ser reservatórios de protozoários como Babesia (causador da babesiose) e Rangelia (causadora de doença que acomete sobretudo cães, a rangeliose); bactérias como Ehrlichia canis, Anaplasma (anaplasmose canina) e a Borrelia burgdorferi, que causa a doença de Lyme. Aliás, qualquer espécie de carrapato pode ser um reservatório de riquétsias.  Outros reservatórios para os carrapatos com riquétsias incluem equídeos (cavalo, pônei, asno e burro), capivaras (estas, quando picadas por carrapatos infectados, propagam a contaminação para carrapatos sem a bactéria), gambás e cães. Sinais e sintomas da febre maculosa brasileira Em primeiro lugar, o profissional de saúde deve estar atento aos pacientes com quadro clínico febril abrupto que tenham contato com: Assim sendo, a febre maculosa brasileira se manifesta normalmente com os seguintes sinais e sintomas: Principalmente, atente-se aos sinais e sintomas de alerta da febre maculosa, que representam indicações de internação: Nesse sentido, identificar precocemente o quadro clínico é fator decisivo para a implementação do tratamento precoce e evitar a mortalidade. Diagnóstico da febre maculosa Não se deve aguardar resultados dos exames diagnósticos da febre maculosa para iniciar o tratamento (a maioria dos óbitos ocorre entre o 5º e o 10º dia). Em síntese, a confirmação do diagnóstico de febre maculosa se dá através de questionamentos precisos ao paciente sobre possíveis contatos recentes com áreas de transmissão da febre maculosa. Dessa forma, a presença de sintomas inespecíficos associada a esses contatos é o indicativo não só da realização de exames de confirmação como também do início da antibioticoterapia empírica. Assim sendo, o método sorológico mais utilizado para o diagnóstico consiste na imunofluorescência indireta (IFI), que normalmente traz resultado positivo entre o 7º e 10º dia do início dos sintomas. No entanto, é possível que haja falsos positivos, uma vez que os anticorpos do tipo IgM podem apresentar reação cruzada com outras doenças como dengue e leptospirose. Nesse sentido, os anticorpos IgG são os mais específicos. A fim de de confirmar o diagnóstico, faz-se necessário realizar duas coletas, sendo a primeira nos primeiros dias do quadro clínico e a segunda entre 14 e 21 dias da primeira. Então, caso houver aumento de 4x na titulação dos anticorpos, dá-se o diagnóstico. Além disso, outros métodos diagnósticos são:  Alterações laboratoriais De forma mais recorrente, pode-se encontrar tais alterações: Aliás, em casos graves, pode-se evidenciar: Prevenção da febre maculosa Com toda a certeza, a prevenção da febre maculosa requer orientações precisas aos pacientes. Por exemplo, ao passear por áreas de mata, floresta, parques ecológicos, roça, evitar caminhar em locais com grama ou vegetação alta. E sempre que passear nestes locais ou andar à cavalo fazer o uso de: Do mesmo modo, os pacientes também devem ser instruídos a realizar uma inspeção a cada 3-4 horas, procurando carrapatos, para evitar que eles permaneçam muito tempo no corpo em repasto sanguíneo. Caso se encontre carrapatos, retire-os através de uma pinça, sem apertá-los ou esmagá-los. Além disso, higienize a área da picada com água e sabão ou álcool. Tratamento da febre maculosa O tratamento antimicrobiano da febre maculosa deve ser iniciado assim que houver suspeita clínica.  A droga de escolha é a doxiciclina, dada a sua eficácia comprovada contra riquétsias. Ao propósito, a doxiciclina é uma das principais drogas da classe das tetraciclinas, as quais atuam nos ribossomos (ligação reversível à subunidade 30S) bacterianos, impedindo a síntese proteica (ação bacteriostática). Outrossim, a doxiciclina ainda é a primeira escolha em casos graves de febre maculosa em crianças, dada a alta letalidade da doença. Conforme orientam os protocolos, a dose preconizada de doxiciclina é de 100 mg VO ou EV de 12/12 horas – manter por 3 dias após o término da febre. Como segunda escolha, pode-se utilizar para tratamento o cloranfenicol na dose de 1 g EV de 6/6 horas até melhora do quadro clínico geral e manter por mais de 7 dias, com a dose de 500 mg VO de 6/6 horas. Aliás, em casos que não exigem internação, pode-se iniciar com a opção de 500 mg VO de 6/6 horas, manter por 3 dias após o término da febre. Além disso, casos com indicação de internação devem receber hidratação endovenosa com reposição de sódio, potássio e magnésio, se necessário. Por fim, utilizar sintomáticos para a febre, dor, náuseas e vômitos, bem como um fármaco para a