Asma: uma abordagem abrangente para médicos e estudantes de Medicina
A asma, uma condição médica que afeta uma parte significativa da população mundial, é uma das doenças mais comuns da prática clínica, tanto em adultos como em crianças e as modificações recentes na sua forma de tratamento e acompanhamento não podem ser ignoradas por médicos, estudantes de medicina e outros profissionais de saúde. Com cerca de 339 milhões de pessoas sofrendo com a doença em todo o mundo, é crucial para os profissionais de saúde terem um entendimento claro e abrangente da condição. Este artigo destina-se a oferecer uma visão completa da asma, abordando sua fisiopatologia, epidemiologia, e estratégias de tratamento eficazes. O que é Asma? Definição e Características Cruciais Em primeiro lugar, quando se fala em asma, estamos nos referindo a um processo inflamatório crônico das vias aéreas que se caracteriza principalmente por hiperresponsividade e limitação variável e reversível do fluxo de ar nas vias respiratórias baixas. Caracteristicamente os sintomas obstrutivos são geralmente reversíveis, seja espontaneamente ou com o tratamento de cada crise. Mais que uma doença única, a condição engloba uma série de doenças que têm sintomas semelhantes de sibilância, tosse, falta de ar e sensação de aperto no peito. Estes sintomas aparecem de forma paroxística, ou seja, em episódios, e costumam ser aliviados com a ajuda de medicamentos broncodilatadores. No contexto de remédio para asma, os broncodilatadores desempenham um papel central, ajudando a aliviar os sintomas durante as crises. Mas como o componente inflamatório é muito importante, os corticóides inalatórios passaram a ter um papel muito mais importante no tratamento nos últimos anos. Vamos verificar mais detalhes sobre o tratamento em breve. Fisiopatologia da Asma: Entendendo o Processo Inflamatório Para entender os sintomas da asma, é crucial compreender sua fisiopatologia. Nesse sentido, destaca-se que a asma é uma doença inflamatória crônica, o que significa que há um processo inflamatório contínuo que afeta as vias aéreas. Além disso, este processo é impulsionado pela resposta do sistema imunológico a várias exposições ambientais, como alérgenos e poluentes. O sistema imunológico reage liberando citocinas e outras substâncias químicas que promovem a inflamação e o estreitamento das vias aéreas, levando aos sintomas obstrutivos característicos da asma. Neste contexto, a inflamação pode seguir dois perfis distintos, denominados resposta T1 e T2, cada um com um conjunto diferente de citocinas e células inflamatórias envolvidas. Assim, no primeiro, há predominância de infiltração neutrofílica, enquanto no segundo, o foco está na infiltração eosinofílica. No entanto, independentemente do tipo de resposta, o resultado final é hiperresponsividade das vias aéreas, que culmina em sintomas como sibilos, tosse, dispneia e aperto no peito. Epidemiologia da Asma: Uma Visão Global e Local De acordo com dados do Global Initiative for Asthma – GINA, 2022, cerca de 339 milhões de pessoas sofrem de asma, sendo que quase 40% desse grupo tiveram pelo menos uma crise asmática no último ano. No cenário brasileiro, a asma também representa um problema de saúde significativo, o que torna crucial um tratamento eficaz e estratégias de controle bem direcionadas. Com efeito, uma abordagem combinada de tratamento e prevenção de novas crises pode ajudar a reduzir o impacto da asma em grande escala, reduzindo o impacto sobre a qualidade de vida, internações e mortes. Quadro Clínico: Sinais e Sintomas da Asma Estatisticamente, identifica-se cerca de 75% dos casos antes dos 7 anos de idade. De fato, em muitos desses casos, os sintomas podem entrar em remissão durante a adolescência. No entanto, a asma também pode se manifestar em adultos, então é essencial estar atento aos sinais em todas as faixas etárias. Os sintomas de asma incluem dispneia, sibilância (e tosse persistente que geralmente piora durante a noite ou no início da manhã. Além disso, é comum sentir aperto no peito durante as crises asmáticas. É importante observar que a presença de tosse crônica isolada, sem outros sintomas, não é sugestiva de asma. Para um diagnóstico preciso, outros sintomas respiratórios, como chiado e dispneia, também devem estar presentes. Tratamento e Controle Em primeiro lugar, o tratamento da asma é personalizado e varia com a idade do paciente e o grau de controle dos sintomas. O manejo eficaz da asma em adolescentes e adultos se baseia em quatro pilares: Objetivos do Tratamento da Asma O objetivo principal é minimizar tanto a gravidade quanto o risco de exacerbações. Isso implica manter os sintomas sob controle, permitindo ao paciente realizar suas atividades cotidianas sem restrições e mantendo um mínimo de efeitos adversos dos medicamentos utilizados. Educando o Paciente Um plano de ação bem orientado é fundamental para o controle eficaz da asma. Nesse sentido, todos os pacientes devem ser educados para serem agentes ativos em seu próprio tratamento. Assim, isso inclui entender quais são os sintomas, o que fazer em caso de exacerbação e como usar os medicamentos adequadamente. Controlando Gatilhos e Comorbidades A gestão eficaz da asma requer a identificação e o controle de gatilhos que podem desencadear crises. Estes podem variar desde fatores domésticos como poeira e pelos de animais até irritantes ocupacionais e sazonais, como poluição e pólen. Comorbidades Associadas Doenças como DPOC, enfisema pulmonar, e outras condições como obesidade e apneia do sono, podem complicar o manejo da asma. É crucial identificar e tratar essas comorbidades para garantir um tratamento bem-sucedido da asma. Para um tratamento eficaz, é imprescindível uma abordagem que integre o uso correto dos dispositivos inalatórios, controle ambiental e um plano de ação bem definido em colaboração com o paciente. Farmacoterapia no Tratamento da Asma A definição do degrau (“step”) do tratamento inicial é feita com base na frequência e gravidade dos sintomas. Isso vai desde o “Step 1”, para sintomas menos frequentes, até o “Step 5” para casos mais graves e complicados. Nos últimos anos houve uma mudança nos protocolos de tratamento com inclusão de corticoide inalatório ou de terapia combinada de broncodilatador de longa duração (LABA) com corticóide inalatório já nos Steps 1 ou 2, com grande impacto favorável na redução da gravidade das crises e do número de internações. Após a fase inicial, é crucial que o paciente seja reavaliado