Hepatite C: Epidemiologia, Transmissão, Sintomas e Tratamento
ATENÇÃO: O conteúdo a seguir foi desenvolvido para profissionais e estudantes da área da saúde. Não deve ser utilizado como fonte de consultas por pessoas leigas. A hepatite C é uma infecção viral que afeta o fígado, causando inflamação e, eventualmente, levando a sérias complicações de saúde como cirrose e carcinoma hepatocelular. Apesar dos grandes avanços no diagnóstico e tratamento da hepatite C, a doença ainda afeta milhões de pessoas globalmente. Neste artigo, vamos explorar profundamente o que é hepatite C, a epidemiologia da doença, como ela é transmitida, os sintomas da hepatite C e o tratamento disponível. Então, tenha uma excelente leitura! O que é Hepatite C? Em primeiro lugar, vamos reforçar que a hepatite C é uma infecção do fígado causada pelo vírus da hepatite C (HCV). A infecção pode ser aguda ou crônica, variando em gravidade desde uma doença leve que dura algumas semanas até uma doença grave e permanente. Vale destacar que, no Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. No entanto, também se pode encontrar a hepatite do tipo delta (D) em regiões específicas, como a Norte. Epidemiologia da Hepatite C Globalmente, estima-se que cerca de 71 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C. Assim, a cada ano, por volta de 400 mil pessoas morrem de complicações relacionadas à hepatite C, como cirrose e carcinoma hepatocelular. Por exemplo, no Brasil, estima-se que a prevalência de pessoas sororreagentes seja de aproximadamente 0,7%, representando cerca de 700 mil casos virêmicos que necessitam de tratamento. Nesse sentido, o genótipo 1 do HCV é o mais prevalente no país, seguido pelo genótipo 3, enquanto o genótipo 2 é mais comum na região Centro-oeste. Entre os pacientes em diálise crônica, a prevalência é ainda maior, chegando a 3,7%. Veja também: Hepatite B: o que é, transmissão, sintomas e tratamento Grupos Prioritariamente Testados para Hepatite C Dada a gravidade da hepatite C e a importância do diagnóstico precoce para um resultado de tratamento bem-sucedido, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda o teste regular para vários grupos de risco. Esses grupos incluem pessoas vivendo com HIV, sexualmente ativas prestes a iniciar a profilaxia pré-exposição (PrEP) para HIV, com múltiplos parceiros sexuais ou com infecções sexualmente transmissíveis múltiplas, trans, trabalhadores do sexo e pacientes em hemodiálise. Além disso, outros grupos devem ser testados pelo menos uma vez na vida, incluindo pessoas com 40 anos ou mais, pessoas que consomem álcool e outras drogas, pessoas privadas de liberdade, pessoas que receberam transfusão de sangue ou hemoderivados antes de 1993, profissionais da saúde e pessoas com antecedente de exposição percutânea/parenteral a sangue. História Natural da doença A infecção pelo vírus da hepatite C divide-se em duas fases: aguda e crônica. A fase aguda ocorre logo após a infecção e, muitas vezes, apresenta poucos ou nenhum sintoma. Cerca de 20 a 30% dos indivíduos na fase aguda apresentam sintomas que variam de fadiga, náusea e dor abdominal a icterícia. Em 15 a 40% dos casos, a infecção é eliminada espontaneamente. Se a infecção persistir por mais de seis meses, ela entra na fase crônica, que ocorre em 60 a 85% dos casos. Na ausência de tratamento, a infecção crônica pelo HCV pode levar à cirrose hepática, aumentando o risco de hepatocarcinoma e descompensação hepática. Transmissão da Hepatite C Esse tipo de hepatite é transmitida principalmente através do contato direto com o sangue de uma pessoa infectada, seja por meio de práticas inadequadas de injeção, transfusões de sangue não testadas ou uso compartilhado de equipamentos para uso de drogas. Além disso, a transmissão sexual também é possível, embora menos comum, especialmente em indivíduos com múltiplos parceiros e práticas sexuais de risco. A transmissão vertical, de mãe para filho durante o parto, também ocorre, mas representa uma menor proporção de casos. Sintomas da Hepatite C Os sintomas de tal doença são muitas vezes inespecíficos e variam em gravidade. Na fase aguda, os sintomas podem incluir fadiga, náusea, dor abdominal, perda de apetite e icterícia. Por outro lado, na fase crônica, os sintomas podem incluir fadiga persistente, dor no fígado, perda de apetite e icterícia. Tratamento Específico Recomenda-se o tratamento da hepatite C para todos os pacientes com diagnóstico de infecção crônica, independentemente do grau de fibrose hepática. Uma variedade de terapias estão disponíveis, incluindo a combinação de Velpatasvir e Sofosbuvir, Glecaprevir e Pibrentasvir, e Alfapeguinterferona 2a em crianças, cada uma com suas próprias contraindicações. Por exemplo, não se recomenda mais a Ribavirina para pacientes sem cirrose e em terapia inicial para hepatite C. Define-se o tratamento específico pelo genótipo do paciente, a presença ou ausência de cirrose avançada e outras comorbidades. Situações especiais, como a coinfecção HCV/HIV e HCV/HBV, hepatopatia avançada, gravidez e doença renal crônica, requerem atenção especial. O protocolo brasileiro, definido pelo PCDT (2019) e atualizado pela Nota Técnica 30/2023, fornece orientações detalhadas para cada situação clínica. Antes de iniciar o tratamento, é importante checar possíveis interações medicamentosas. Hepatite C tem Cura? Felizmente, a doença tem cura. O avanço da medicina nos últimos anos proporcionou tratamentos altamente eficazes para a hepatite C. Os medicamentos antivirais de ação direta (DAAs) são atualmente o padrão de tratamento, e com um curso de 8 a 12 semanas, mais de 95% dos pacientes têm chances de cura. Um ponto importante para a cura é realizar o teste de forma precoce a fim de que a doença não se torne crônica e venha a causar a cirrose. Ou seja, para que o tratamento atue de forma 100% eficaz é de suma importância realizar diagnóstico e, por tabela, tratamento específico precoce. Testagem e tratamento da Hepatite C no SUS Vale mencionar que o Brasil é um dos poucos países que oferecem o tratamento gratuito para hepatite C, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O paciente pode ser encaminhado tanto pelo médico da rede pública quanto de profissionais que atendem em consultórios particulares, seguindo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a doença. Mas não só isso. Em fase