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Prática centrada no paciente e diagnósticos mais precisos

A prática centrada no paciente é uma das principais estratégias para aumentar a precisão dos diagnósticos.

Sabemos que a medicina não é uma ciência exata. Afinal, há sempre uma parcela de incerteza sobre os diagnósticos ou quais condutas são mais adequadas para cada caso. As causas de dificuldades no diagnóstico correto podem estar relacionadas à estrutura de trabalho, ao profissional de saúde ou ao paciente. Já as dúvidas sobre a abordagem podem ser por falta de evidências sólidas ou controvérsias na literatura. Quanto mais incertezas existem sobre diagnósticos e plano de tratamento, maior a importância de ouvir e considerar a opinião do paciente. Envolvê-lo nestas decisões é uma das bases da prática centrada no paciente. A importância da prática centrada no paciente Quando falamos de envolver o paciente nas decisões, isso não significa transferir responsabilidades em suas decisões complexas. Estas continuarão a ser feitas com base no melhor julgamento clínico e na combinação do conhecimento das melhores evidências científicas com a experiência profissional. Mas vão considerar o que o paciente pensa, seus valores, cultura, planos etc. Saber colocar o paciente no centro do diagnóstico, em um papel colaborativo, é uma das estratégias que tendem a aumentar a precisão dos diagnósticos, a escolha das melhores condutas, a adesão ao tratamento e o nível de satisfação e confiança da pessoa.  Além disso, essa estratégia valoriza o princípio ético do respeito à autonomia do paciente e melhora a relação profissional-paciente pelo efeito positivo sobre a confiança e transparência de todo o processo. Mas ao exercer sua autonomia, o paciente pode decidir em deixar que o médico faça as escolhas, por acreditar que elas serão o melhor para ele, mesmo entendendo as incertezas. Como o paciente pode colaborar para um diagnóstico mais preciso O paciente que sabe contar bem sua história – ou a da pessoa que ele cuida – tem maior chance de ser ajudado com maior eficácia. Quanto mais completa e precisa a descrição dos sintomas e do histórico de saúde, menor o risco de falhas de diagnóstico e de escolhas inadequadas da melhor opção de tratamento. Mas vamos além, com algumas dicas para ensinar aos seus pacientes. Dessa forma, eles podem participar e contribuir com seu médico e demais profissionais de saúde para a maior eficácia dos tratamentos e cuidados que recebem. Detalhamento no histórico de doenças ou problemas de saúde Antes de procurar cuidados médicos, é importante o paciente ter em mente os detalhes do que o incomoda e procurar organizar as informações. É recomendável anotar os pontos mais relevantes para não esquecer na hora da consulta. Quando questionado pelo profissional de saúde, pode contar toda a história desde o início dos sintomas, com clareza e objetividade nas informações. Quanto mais precisos os dados, melhor será o diagnóstico. Caso o paciente pareça confuso sobre algum ponto, o profissional de saúde pode incentivar com algumas dicas ou perguntas dirigidas, mas que não sugiram uma resposta positiva ou negativa. Dependendo da situação, a melhor dica para o diagnóstico pode ser: Apontamento dos fatores de risco e problemas Também é importante o paciente mencionar outras doenças já diagnosticadas, seja as crônicas e ainda em tratamento, seja os problemas de saúde já resolvidos. Ademais, informar internações e cirurgias, alergias, histórico com tabagismo (carga tabágica), dificuldade de perder peso, frequência de atividades físicas e exercícios, histórico familiar de doenças genéticas etc. Lista de medicamentos Esse relato deve ser feito não só para o médico, mas também para o enfermeiro e o farmacêutico, sempre que possível. Deve incluir o nome dos medicamentos (princípio ativo ou marca) usados atualmente, doses, horários, há quanto tempo usa, quem prescreveu e para quê. A lista completa deve ter ainda os tratamentos antigos e que já foram suspensos. Outro ponto importante é explicar dificuldades financeiras para comprar ou obter medicamentos, caso existam. O profissional de saúde pode ajudar optando por tratamentos de menor custo, ensinar como obter a medicação de graça pelo SUS ou por valores mais em conta, como nos programas do tipo Farmácia Popular, segurança dos genéricos para a situação específica etc. Organização das informações Manter uma pasta de exames e anotações é uma prática bastante recomendada. Os exames devem ser organizados por data, com notas ou grifos sobre o que foi considerado anormal. Para que seja possível recuperar resultados e imagens originais on-line, guardar senhas de recuperação de exames nos laboratórios ou serviço em que foram realizados. Atualmente, os melhores hospitais têm dado acesso digital ao paciente (com login e senha) de todos os exames e dados obtidos durante as internações. Também é interessante alimentar uma planilha com resultados de exames de seguimento ou de rotina de acompanhamento de saúde, como glicose, colesterol e frações, hemograma, função renal, função hepática, eletrólitos, hormônios, coagulação etc. Também os de triagem, como mamografia, Papanicolau, PSA, endoscopia baixa e outros. Essa planilha também pode conter gráficos ou lista estruturada da evolução de doenças crônicas, caso haja (por exemplo, asma, pressão alta, depressão etc.). Além disso, datas de diagnósticos, períodos de melhora e piora, complicações, respostas ao tratamento, internações etc. Conhecimento pelo paciente sobre sua doença e tratamento Sabemos que conhecimento é uma ferramenta importante para as tomadas de decisões do médico. Mas também é essencial para o paciente organizar seu autocuidado e melhorar a adesão ao tratamento.  Forneça textos e links de pesquisa e estimule o paciente a buscar informações em fontes confiáveis (preferencialmente, recomendadas pelo Ministério da Saúde ou SUS) sobre sua doença, tratamentos disponíveis e formas de autocuidado. Hospitais de renome, universidades e associações oficiais de especialistas também costumam ser fontes seguras para obter informações. Evitar ao máximo fontes sem compromisso científico, de procedência duvidosa ou com conflitos de interesses (que estejam vendendo soluções ou tratamentos). Ademais, incentive o paciente a conhecer o tratamento. Muitas doenças são crônicas e têm controle, mas não a cura definitiva, sendo importante saber cada vez mais como fazer esse controle, tendo claro o objetivo e metas do tratamento. Também entender bem, pesquisar e perguntar, sobre o que deve esperar da evolução da doença com ou sem esse tratamento proposto. Nesse ponto, o profissional da saúde pode contribuir com outras

Retorno ao esporte após infecção por SARS-CoV-2

A pandemia de COVID-19, desencadeada pelo vírus SARS-CoV-2, afetou a saúde global como um todo – inclusive, o bem-estar físico e mental de inúmeras pessoas. Com mais de 775 milhões de casos confirmados, a jornada de recuperação para muitos tem sido árdua e complexa, especialmente para quem busca retomar suas rotinas de exercícios físicos e esportes. Além de marcar um passo significativo na recuperação da saúde, essa é uma prática que se torna um pilar para a reabilitação, a saúde mental e a qualidade de vida. Neste cenário, a orientação e aconselhamento dos profissionais de saúde – médicos, fisioterapeutas, e profissionais de educação física – é ainda mais crucial. Eles estão na linha de frente, aconselhando, dando suporte e cuidados necessários para garantir que o retorno a uma vida ativa seja seguro e benéfico para a recuperação integral do indivíduo. Com uma parcela significativa dos recuperados desejando retomar suas atividades físicas habituais, a demanda por uma orientação clara e baseada em evidências nunca foi tão alta. A seguir, acompanhe informações relevantes para ampliar sua perspectiva e aprimorar técnicas de apoio a pacientes que buscam o retorno ao esporte após infecção por SARS-CoV-2. Avaliação inicial e monitoramento A retomada de atividades físicas após a COVID-19 exige uma avaliação criteriosa e individualizada de cada caso. Afinal, a doença apresenta um amplo espectro clínico, que vai desde infecções assintomáticas até casos graves que necessitam de hospitalização e técnicas invasivas como ventilação mecânica e ecmo. Aspectos como a gravidade da infecção, eventuais complicações ocorridas durante a doença, o nível de atividade física prévio e a intensidade dos exercícios físicos almejados são todos fatores cruciais a considerar. Para casos de gravidade leve a moderada, por exemplo, geralmente o retorno ao esporte após infecção por SARS-CoV-2 é seguro cerca de 7 a 14 dias após a recuperação, iniciando com exercícios de baixa intensidade. Já para casos graves e em que se pretende realizar volume e intensidades mais altas de exercícios físicos, é imperativo realizar uma avaliação clínica abrangente. Ela pode incluir exames como ecocardiograma e teste de esforço, a fim de identificar possíveis riscos antes de retornar a qualquer atividade física intensa. Orientações para o retorno gradual O retorno às atividades físicas deve ser progressivo, começando com exercícios físicos leves e aumentando gradualmente a carga e a intensidade. É essencial monitorar com frequência os limites de batimentos cardíacos e frequência respiratória do paciente, prevenindo assim o excesso de esforço. A fadiga pós-COVID, um sintoma comum entre recuperados, exige uma atenção especial, podendo necessitar de ajustes no plano de retomada. O objetivo é garantir um regresso seguro ao esporte, minimizando assim o risco de recaídas ou complicações. Início Para todos os pacientes, o retorno deve começar com atividades leves, ajustando gradualmente a carga e a intensidade. Monitoramento Observe os limites da frequência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE), evitando esforço excessivo. Para utilização da FC como parâmetro de monitoramento pode-se considerar valores pré-infecção, mas com atenção de que o condicionamento físico pode ter sido afetado pela infecção e pelo destreinamento. Nesse sentido, a PSE pode ser muito útil. Se a percepção de esforço for alta para um esforço relativamente leve, é necessário investigar sequelas musculares ou repercussões cardíacas. Ajustes Questões como a fadiga pós-COVID demandam cuidado particular e podem requerer modificações no plano de retorno às atividades. Pacientes com síndrome de fadiga crônica, em particular, podem experimentar um agravamento dos sintomas ao se engajarem em exercícios físicos, especialmente de alta intensidade. Atividades físicas e exercícios físicos Compreender a distinção entre atividade de vida diária (AVDs) e exercício físico estruturado é crucial, pois cada um contribui de maneira única para a recuperação do paciente. AVDs se referem aos movimentos naturalmente realizados no dia a dia, como caminhar até o mercado, subir escadas ou realizar tarefas domésticas.  Essas atividades, embora muitas vezes mais leves, são essenciais para manter a qualidade de vida e ajudar na transição suave para níveis de atividade mais intensos – especialmente após um período de inatividade ou recuperação de uma doença como a COVID-19. Por outro lado, o exercício físico estruturado é caracterizado por ser planejado, repetitivo e com objetivo definido, visando melhorar um ou mais componentes da aptidão física, como força, flexibilidade ou resistência cardiovascular. O exercício físico costuma seguir o princípio FITT (frequência, intensidade, tempo e tipo). Esse tipo de exercício é fundamental para melhorar a capacidade física do paciente. Além disso, ajuda a recuperar funções comprometidas pela doença e fortalecer o corpo contra futuras adversidades de saúde. Todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico. Prática de diferentes atividades Portanto, ao planejar o retorno às atividades físicas de um paciente recuperando-se da COVID-19, profissionais de saúde devem considerar uma progressão gradual que incorpore diferentes tipos de atividade. Iniciar com atividades físicas cotidianas leves pode ajudar a estabelecer uma base de movimento segura, minimizando o risco de exaustão ou recaída.  À medida que a recuperação progride, exercícios estruturados mais intensos podem ser introduzidos, adaptados às capacidades e limitações individuais do paciente, para promover uma recuperação integral e eficaz. Esse equilíbrio entre atividade de vida diária e exercício estruturado permite uma abordagem personalizada e flexível, ajustando-se às necessidades específicas de cada paciente no caminho para a recuperação plena. Adicionalmente, o suporte de uma equipe multidisciplinar é crucial para otimizar os resultados. Cuidados Específicos antes do retorno ao esporte Pacientes que enfrentaram complicações graves, como miocardiopatias, arritmias significativas ou tromboembolismo, podem precisar de um período de restrição mais extenso (90 a 180 dias) antes de poderem retomar suas atividades. Antes do retorno ao esporte após infecção por SARS-CoV-2, uma reavaliação criteriosa é fundamental.  Para casos que exigiram hospitalização, internação em unidade terapia intensiva ou que apresentaram comprometimento cardíaco ou pulmonar significativo, é crucial realizar uma avaliação médica mais detalhada/individualizada. Se necessário, também uma série de exames para verificar possíveis sequelas e sintomas persistentes. Após a infecção por COVID-19, alguns pacientes podem apresentar sequelas ou complicações de curto ou longo prazo. Para pacientes que visam

Testes rápidos disponíveis em farmácias, consultórios e clínicas

Há bastante tempo, farmacêuticos de farmácias e drogarias avaliam parâmetros clínicos, como aferição de pressão arterial e glicemia capilar. Recentemente, houve o advento dos testes rápidos para COVID-19.  Em agosto de 2023, entrou em vigor uma decisão da Diretoria Colegiada da ANVISA (RDC 786) sobre os requisitos necessários em análise clínicas. Este, então, ampliou o rol de exames clínicos possíveis de serem realizados em farmácias, clínicas e consultórios. Exigências para realização de exames Estes estabelecimentos podem realizar os exames desde que: De forma geral, testes de triagem simples e com resultados imediatos realizados em gota de sangue colhido em punção digital, ou a partir de material colhido por swab nasal ou de orofaringe, poderão ser executados. Também se exige a coordenação por um profissional habilitado e em local separado e apropriado para isso. O estabelecimento que se disponha a realizar esses procedimentos deverá cumprir uma série de regulamentações e normas específicas. Testes rápidos permitidos A seguir, listamos os exames clínicos que passam a ser permitidos em farmácias e outros estabelecimentos. Triagem e acompanhamento de doenças crônicas Triagem de doenças agudas Exames confirmatórios de doença infecciosa específica Acompanhamento de eficácia de tratamentos em curso Exames de gravidez ou de ciclo (fertilidade) Outros Diferenças de metodologia dos testes Os testes rápidos são realizados logo após coleta, ainda na presença do paciente, utilizando pequena amostra de sangue capilar ou swab nasal ou de orofaringe. A leitura e  interpretação dos resultados são feitas em no máximo 30 minutos, sem necessitar de uma estrutura laboratorial e é emitido um laudo com valor legal. Existem diversos fabricantes e metodologias, cada um com um nível de acurácia diferente. Testes de detecção de anticorpos geralmente demoram alguns dias para positivar (exemplo: 7 dias na dengue) e teste de antígenos são mais positivos durante os primeiros dias da doença. Há também alguns exames com dois cassetes para testar para duas doenças ao mesmo tempo, por exemplo, influenza e COVID-19. Vantagens da ampliação de testes em farmácias Essa resolução pode ajudar e muito na avaliação precoce de problemas de saúde. Afinal, muitas pessoas têm dificuldade de realizar uma consulta médica e acabam recorrendo às farmácias, buscando alívio rápido de sintomas. As análises rápidas também auxiliam o paciente a acompanhar o tratamento e a evolução de seu quadro clínico, uma vez que poderão verificar alguns parâmetros durante a própria consulta. Dependendo da situação, isso pode acontecer até em um estabelecimento farmacêutico, geralmente muito acessível.  Exames rápidos em clínicas e consultórios podem ajudar na detecção de um diagnóstico precoce, cuja intervenção rápida é essencial para a efetividade do tratamento. Podem até evitar a busca desnecessária pelo serviço de saúde, ao descartar uma suspeita, considerando sempre a avaliação clínica. Nas farmácias, um cuidado importante é evitar fazer testes de triagem em pacientes sem risco epidemiológico ou sem sintomatologia clínica significativa para a doença. Caso contrário, pode haver uma taxa de falsos positivos maior que a de verdadeiros positivos. Os farmacêuticos que prestam o serviço de atenção farmacêutica poderão ter prontuários mais completos, com acompanhamento mais efetivo do tratamento e dos problemas relacionados à terapia medicamentosa. Assim, geram mais informações que auxiliarão todos os profissionais da equipe multiprofissional envolvidos. Fernanda CamposMestra em Medicamentos e Assistência Farmacêutica pela UFMG Farmacêutica editora na Blackbook desde 2016 fernanda@blackbook.com.br

ISRS: O que são estes medicamentos e qual seu mecanismo de ação?

isrs

O tratamento da depressão e diversos outros transtornos da saúde mental passou por grandes revoluções nas últimas décadas. Em termos de eficácia de tratamentos medicamentosos, os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) foram um dos destaques. Mas o que são, de fato, esses medicamentos e como eles atuam em nosso cérebro? O que são ISRS? ISRS, ou Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina, são uma classe de medicamentos antidepressivos frequentemente prescritos para o tratamento de uma variedade de condições de saúde mental. Eles costumam ser a primeira escolha farmacológica para tratamento medicamentoso da depressão. Isso acontece devido a sua eficácia e aos efeitos colaterais geralmente mais brandos em comparação aos outros antidepressivos. Indicações de uso dos ISRS Depressão: principal indicação, sobretudo em casos persistentes ou graves. Outras condições: esses medicamentos não são de uso exclusivos para a depressão. Os ISRS também são eficazes no tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno de Pânico, fobias severas, bulimia e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Além disso, em alguns casos, podem ser utilizados para tratar a Síndrome Pré-Menstrual (SPM), fibromialgia e Síndrome do Intestino Irritável (SII), além de serem utilizados com adjuvante no controle da dor crônica. Mecanismo de ação A redução da recaptação (reabsorção) da serotonina nas sinapses neurais aumenta a disponibilidade desse neurotransmissor em diversas áreas do cérebro. A serotonina é um neurotransmissor importante na transmissão de impulsos neurais entre as células nervosas em diversas áreas, sobretudo nas responsáveis pela regulação do humor, emoção e sono. Embora seja um tanto simplista afirmar que a depressão seja causada apenas pela diminuição da serotonina, está comprovado que o aumento dos níveis desses neurotransmissores pode aliviar os sintomas e tornar os pacientes mais responsivos a outras formas de tratamento. Doses e duração do tratamento O tratamento medicamentoso não é a única maneira de tratar a depressão. Formas mais leves podem ser abordadas por diferentes técnicas de psicoterapia. Lembre-se de que o paciente precisa ser ouvido em uma escuta cuidadosa e empática, e o plano de abordagem precisa ir além do que uma prescrição de antidepressivos. Nas formas moderadas e graves, a escolha do grupo de antidepressivos se baseia na expectativa de eficácia, tolerância e efeitos colaterais, facilidade posológica e disponibilidade na rede pública. Também vale considerar a possibilidade de bipolaridade e o tipo de depressão (melancólica, atípica, ansiosa, secundária, etc.). Usando esses critérios, é frequente que o medicamento mais adequado para iniciar o tratamento seja um ISRS. Normalmente, o tratamento começa com a menor dose possível, que aumenta conforme a necessidade.  Algumas vezes, é prudente iniciar com uma subdose, a fim de minimizar os efeitos colaterais do início. É importante explicar ao paciente que os ISRS geralmente demoram de 2 a 4 semanas para mostrar benefícios significativos. Mas os efeitos colaterais podem aparecer antes. Apesar disso, é fundamental manter o tratamento como planejado, inclusive com os ajustes progressivos de doses quando indicados Efeitos colaterais A maioria das pessoas apresentará poucos efeitos colaterais ao tomar ISRS. Geralmente, são leves e transitórios e não exigem a troca da medicação. Aliás, uma das grandes vantagens do uso dos ISRS é a sua segurança em relação a outras classes de antidepressivos como os IMAO’s e os tricíclicos. Alguns dos efeitos colaterais mais comuns dos ISRS são agitação, diarreia, náuseas, tonturas, visão embaçada, perda de libido e, em homens, disfunção erétil. O efeito colateral mais preocupante é o aumento do risco de suicídio no inicio do tratamento, que precisa de monitoramento constante. A equipe multiprofissional envolvida tem como função vigiar junto ao paciente eventual aparecimento de efeitos colaterais para orientá-lo. Quando necessário, ajustar posologia (doses ou horários de tomada) ou trocar a medicação. Tipos de ISRS Atualmente, existem oito ISRS prescritos no Brasil, incluindo citalopram, dapoxetina, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e vortioxetina. Cada um tem suas particularidades, e a escolha depende das necessidades individuais do paciente. Por fim, os ISRS têm sido uma ferramenta valiosa no tratamento de várias condições de saúde mental. A chave para uma abordagem eficaz da depressão e de outros transtornos psiquiátricos é o conhecimento da doença e suas manifestações, diagnóstico, evolução e alternativas de tratamento. Além disso, uma ampla compreensão dos mecanismos de ação, eficácia e possíveis reações indesejáveis de cada medicamento prescrito. Os médicos e estudantes de medicina devem se manter atualizados sobre estes medicamentos e ter à mão uma fonte confiável de consulta rápida sobre detalhes da abordagem e do tratamento de cada doença. Se você deseja obter mais informações acerca dos ISRS e de outros antidepressivos, confira no app do Blackbook! Além de rotinas completas sobre depressão, ansiedade, de personalidade, fobias e outras; o Blackbook é a fonte mais rápida e confiável para comparar todas as alternativas de tratamento medicamentoso. Você também encontra informações sobre marcas e apresentações, disponibilidade no SUS, genéricos de cada ISRS assim como as doses e formas de prescrição, efeitos colaterais, etc.  Veja no Blackbook: João Vitor CarvalhoMédico pela Universidade Federal do Amazonas com coeficiente médio de 9.1614. Pós-graduação em Psiquiatria – Faculdade Única (nota máxima MEC). Pós-graduação em Neurologia e Neurociências – Duke University. Pós-graduação em Medicina Legal e Perícia Médica Judicial – Instituto Pensar. Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia – WREducacional. Formação em Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional – UP Cursos. Ampla atuação em Perícias Médicas Judiciais pelo JEF de Campinas/SP e Americana/SP.

Campanha Outubro Rosa 2023: o que você precisa saber

Outubro rosa - Blackbook

A Campanha Outubro Rosa, um evento anual de consciência global, volta mais um ano para ressaltar a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Neste ano de 2023, a campanha é um convite para revisar as diretrizes para ajudar a conscientizar ainda mais pessoas sobre esta causa tão crucial. Aqui, iremos explorar as principais informações que você precisa saber neste Outubro Rosa… Estatísticas desta Campanha Outubro Rosa de 2023 De acordo com o Instituto Nacional do Câncer – INCA, para 2023, o Brasil enfrentará um estimado de 73.610 novos casos de câncer de mama, o que representa um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. De fato, no cenário mundial, o Brasil se destaca na necessidade de políticas efetivas de prevenção. No entanto, o número elevado de novos casos evidencia a urgência de se investir em campanhas de conscientização e rastreamento. Contexto Clínico da Campanha Outubro Rosa Nódulos mamários são queixas frequentes em mulheres, sobretudo após a quarta década de vida. Ainda que, na maioria das vezes, tais nódulos sejam benignos, o câncer de mama mantém-se como a neoplasia mais diagnosticada em mulheres. Assim sendo, essa constatação sublinha a necessidade imperativa de avaliação clínica. Fatores de Risco para lembrar na Campanha Outubro Rosa Mulheres com histórias patológicas pregressas e aquelas com histórias familiares de câncer de mama em parentes de primeiro grau diagnosticados antes dos 50 anos, câncer de mama bilateral, câncer de ovário ou câncer de mama masculino possuem riscos elevados. Além disso, diagnósticos histopatológicos específicos, como lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ, também indicam maior vulnerabilidade. Apresentações Clínicas A queixa mais comum é a de um nódulo palpável na mama. No entanto, em alguns casos, pode ser apenas um achado em exames de rotina. Por exemplo, elementos como velocidade de crescimento, densidade, mobilidade, dor, alterações na pele, descargas papilares, entre outros, devem ser meticulosamente avaliados. Exame Físico Em primeiro lugar, é crucial avaliar densidade, assimetria das mamas, tamanho e características do nódulo é crucial. Também é vital palpar cadeias linfonodais axilares e supraclaviculares. No entanto, o exame físico sozinho não pode determinar a benignidade ou malignidade da massa. Sinais de Alarme Certos sinais são particularmente preocupantes e merecem atenção especial: Diante desses sinais, exames como ultrassonografia e mamografia são impreteríveis, seguidos de encaminhamento ao especialista. Campanha Outubro Rosa 2023 e a Classificação Bi-RADS Esta classificação é baseada em achados mamográficos, auxiliando nas decisões clínicas, mas não considera achados clínicos. Portanto, um paciente com avaliação de imagem negativa, mas com nódulo clinicamente suspeito, pode ainda necessitar de biópsia. A classificação vai de Bi-RADS 0, que exige avaliação complementar, a Bi-RADS 6, indicando malignidade comprovada por biópsia. Cada categoria entre elas oferece diretrizes específicas para a conduta clínica, com base na probabilidade de malignidade. No âmbito da medicina e saúde, o Outubro Rosa é mais do que um mês de conscientização; é um período intensivo de educação, diagnóstico e intervenção. Com as estatísticas crescentes, os profissionais da saúde devem estar equipados com todo o conhecimento técnico e prático para atuar proativamente. Neste Outubro Rosa de 2023, estejamos todos engajados na luta contra o câncer de mama, armados com a informação, a ciência e a empatia. João Vitor CarvalhoMédico pela Universidade Federal do Amazonas com coeficiente médio de 9.1614. Pós-graduação em Psiquiatria – Faculdade Única (nota máxima MEC). Pós-graduação em Neurologia e Neurociências – Duke University. Pós-graduação em Medicina Legal e Perícia Médica Judicial – Instituto Pensar. Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia – WREducacional. Formação em Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional – UP Cursos. Ampla atuação em Perícias Médicas Judiciais pelo JEF de Campinas/SP e Americana/SP.